asturias

o silêncio aos poucos foi compartilhando com a escuridão o domínio da antiga nave. O único véu de luz presente na imensidão penumbrosa do teatro de madri descia sobre uma cadeira solitária acima do palco vazio. a balburdia da multidão foi calando aos poucos, feito um mar rugindo mansamente nos trabalhos noturnos das marés. Assim, invadindo a luz languida, surgiu o homem e seu violão. sabia-se que vinha de asturias, mas também vinha das ruas secas e abrasivas do cairo e também disseram que provou os aromas do líbano, sendo que também rezou em fátima e aragão. amou e desamou mulheres difíceis, perdeu filhos que nem sabia que tinha e amou também aqueles que viu, sim, era um homem do flamenco

feito o silêncio, toda a sua dor e paixão escorreu e viveu livre sobre as cordas do violão artesanal, cuja a caixa anexava-se as costelas conversando com seu coração. Logo que findou a primeira aspera e adocicada rumba, as centenas de mãos ocultas nas trevas romperam em aplausos calientes e intermináveis temperados aos gritos de bravo, então, com um sorriso discreto distorcendo os rios secos na sua face tranquila, agradeceu e declarou para si, a musica não acabou nos meus dedos, mas no calor do povo

Den
Enviado por Den em 18/09/2009
Reeditado em 18/09/2009
Código do texto: T1817211