o peixe

O peixe um dia acordou na profundeza mansa do atlantico,

Quando notou no deserto monótono das águas

Um verme preso na sedução radiante de um anzol,

Abocanhou impiedoso e com volúpia a refeição

E descobriu de maneira dolorosa o ardil humano

O peixe então conheceu a superfície, e um oceano diferente daquele

Que conhecia, o ar não lhe pertencia mais e sua boca doia

O peixe adormeceu profundamente e com um sofrimento calado

Pois não sabia gritar e nem gemer

Embora tenha sido polpado de sentir sua carne arder no inferno

De uma frigideira

Nem mesmo pôde acompanhar seu esquartejamento ao sabor de

Alho, óleo, sal, limão e farinha e ter sido dissecado sem precisão

Ao labor de garfos, facas e dentes

O peixe pode ter se sentido santificado por saciar a fome daquele e homem

Sua mulher e seus filhos, ou pode ter se sentido vingado

Quando o pescador se afogou com a mais pontuda de suas espinhas

E preocupado mulher e filhos

O peixe foi diminuido a compostos nitrogenados, em entranhas escuras

E nunca saberemos se tem ainda pretensão de ser peixe de novo,

Mas provavelmente aguarde o reincaixe das peças para não nascer nem verme nem peixe novamente

Den
Enviado por Den em 16/10/2009
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