Antes do café da manhã

Bate à porta, insistentemente. Enrolada num roupão, cabelos desgrenhados, arrastando-se sobre as pantufas gastas e desbotadas, abre a porta:

- Bom dia senhora!

- Bom dia. Posso ajudá-lo senhor?

- Sim. Sou da irmandade...

- Mas senhor, por favor! – Bater na porta de uma residência às 7 horas de uma manhã fria, chuvosa, em pleno sábado, para falar de religião - poupe-me.

- Somos missionários, senhora. E para levarmos a palavra não há horário, nem local...

Ela, enfurecida, sobrancelhas arqueadas, dá dois passos atrás pega o telefone e liga.

Aliviada, fecha a porta e volta para cama.