Beijar-te

Ela arrumou uma desculpa e saiu da residência. 'Até logo, mãe'. Ela necessitava daquilo, precisava sair, precisava vê-lo, e o coração batia intensamente no seu peito enquanto subia a via pública. O ar gelado enchia-lhe os pulmões e a respiração fez-se velozmente ofegante. Quando estava a escassos metros de chegar, mandou a mensagem que de uma maneira cuidadosa redigira. Ele estava em casa, assentado à cama. Da tv eram perceptíveis uns sons que naquele instante lhe passavam ao lado. O celular vibrou no bolso, noticiando uma nova mensagem de texto. Leu-a, vestiu a blusa e saiu da residência. Ela estava diante das escadas e guiou-se a ele com um sorriso. O frio intenso fazia-se sentir, mas não foi de frio o breve tremor que os percorreu nesse instante. Cumprimentaram-se e começaram um diálogo comum a respeito de qualquer coisa (des)interessante. Andaram, assentaram-se num banco e conversaram. Falaram, falaram da faculdade, falaram dos amigos, conversaram sobre familiares. Trocaram olhares e permutaram sorrisos e conversaram sobre sentimentos, acima de tudo. O ar estava gelado no momento em que o relógio se aproximava das 22.40h. A atmosfera esfriava o corpo, mas não o coração.

'Sabes o que gostaria de fazer neste instante?'

'Não, o quê?'

'Beijar-te.'

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 07/03/2010
Reeditado em 07/03/2010
Código do texto: T2124770
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