Te amo

Tinha a intensidade de som no mais alto grau e os fones nos ouvidos. Saí do carro e andei ao longo do caminho que costumava perfazer quando ia encontrar-me contigo. Ao final de duas semanas a julgar-me forte, hoje o meu disfarce foi ao chão. O disfarce que me escondia de ti, de outrem e de mim mesma. As minhas pernas perderam as forças. As pessoas que por ali transitavam reparavam-me curiosas. As lágrimas deslizavam pela minha face sem que eu me percebesse disso. A saudade causava-me sofrimento. Comprimia-me e fazia-me o coração pequenino pulsar rápido no meu peito. As lágrimas escureciam-me os olhos e tive que fazer um esforço acima das forças humanas para as parar. Os meus passos produziam ecos no caminho. Pensava em ti, pensava em nós, acima de tudo. Em como tinha saudades do teu olhar, do teu abraço, da tua mão. Olhei adiante e encontrei-me contigo. Estávamos no meio da rua e os nossos olhares tornaram-se fixos. Falaste-me um 'Olá' a medo, eu devo-te ter respondido qualquer coisa parecida com uma grunhidela, mas já não me recordo direito. Não me recordo porque nesse momento o meu coração parou. A única coisa que queria era ter-te juntinho a mim novamente e novamente, e novamente. Bem, mérito não te falta, só por teres conseguido aguentar um diálogo referente a nada durante tanto tempo, visto que eu não estava com bastante competência para falar. As palavras que não te podia dizer sufocavam-me, permaneciam apertadas nos pulmões e deslizavam a custo pela garganta, mas acabavam por morrer dantes de vir à minha boca, morriam aonde sucumbia a atitude firme. Sabes? Pensei em renunciar. Só desejava colocar a minha mochila e ir embora, para que não me visses derramar lágrimas como uma criança sobressaltada. Mas não tinha força, e mais uma vez sem perceber que as lágrimas lançavam-se em jorro dos olhos sem quês nem porquês.

Abraçaste-me. Doeu muito, pensar que teria possibilidade de ser a última vez. Mas soube muito bem, amor. Soube tão bem sentir o teu coração lá ao pé do meu, soube muito bem encaixar o meu corpo no teu como apenas eu sei. Acho que, da mesma maneira, te causou mais sofrimento do que esperavas, e acho que, da mesma forma, apreciaste mais do que devias. E se calhar os meus lábios estavam demasiado próximo dos teus para que tivesses possibilidade de opor resistência. ‘Te amo’.

Eu sei que fiz asneira, amor, mas eu não te vou desiludir novamente, te asseguro. Garanto! Fica comigo, ficas?

Te amo.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 10/03/2010
Reeditado em 10/03/2010
Código do texto: T2131350
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