Craque com as mulheres

. A noite me abraça lânguida. Me beija doce. Fala

mansa comigo. Na garrafa de vodca barata tem um gole. Frequentei a escola até a 6º série. Agora é ensino médio? Sei lá, o meu foi medíocre. Hahahahaha! Mas eu era o melhor da sala. Já li muito, ainda leio, quando tenho tempo. Como agora, enquanto espero a minha gata loira. Parei de fumar, não trago mais, só puxo a fumaça e sopro fora. Só a cinza me interessa. Não uso cachimbo, muito na vista. Se alguém me pega com cachimbo, falo o quê? Respondo que nem na piada? "Pra fumar maconha." Hahahahaha! Só que não fumo mais maconha. Um cara aí, um diretor de teatro com nome estrangeiro, disse que fumou muita maconha, mas parou porque ele ficava muito contemplativo. Eu parei porque aquela merda me fazia mal. Cof, cof, cof! Por que será que grafam a tosse com cof cof? Nunca vi ninguém tossir assim. Droga de lata! Agora eu tou lendo um tal de Kafka. Muito doido. O cara vira uma barata, sei lá, um inseto gigante. Olha lá ela na janela. Se olhando no espelho. Ajeita o cabelo. Lápis de olho. Batom. Como se precisasse. Logo ela desce. Cof, cof, cof! Essa maldita tosse de merda! Falar sozinho ajuda a passar o tempo, né? Ou não. Maldita síndrome procurativa! Tudo parece pedra! Miolo de pão, vela, tatu de nariz, pedra pedra, tudo que for meio branco, meio amarelo. Tá abrindo a garagem, só pode ser ela. Não é. Ô Mulher enrolada! Agora é ela, Gol preto. Bom gosto da gata. Dá tempo pra uma última bola e matar a garrafa. Ela vai ter que parar aqui. Pulo dentro, meto o canhão na cara e vamos fazer um parada no banco 24 horas. Sai no máximo milão, mas já vai dar pra passar o resto da noite, talvez até o fim de semana.