Olhando para o infinito

O corpo dela balançava sensualmente no ritmo daquele som que embalava o coração e seguia no seu ritmo. Ela era demais, estava perdida, imersa no seu mundo particular, alguma coisa parecia querer gritar dentro dela. Seu quadril batia a medida que seus pés se revezavam entre as pontas dos dedos e o calcanhar, delicadamente decorado com uma tornozeleira simples e brilhante, assim como era ela.

Todo mundo à sua volta era contagiado por sua energia, todos dançavam e batiam palmas. Algumas pessoas soltavam pequenos gritos de empolgação. Mas havia alguma coisa que escapava a todos. Um mistério, um segredo. Guardado no fundo daquela alma, era um grito alucinante de desejo, um desejo que beirava ao desespero, e uma dor, que era o controle a que ela submetia todos aqueles sentimentos. Seu corpo aparentemente frágil, os traços do seu rosto cuidadosamente esculpidos, camuflavam a força que ela impunha a cada ação que conduzia. Era uma energia que explodia ali. Era a catarse. Ela era linda, mas linda não era palavra capaz de defini-la.

Ela não estava nas medidas da estética rigidamente imposta pela moda, sustentada pela indústria do imaginário visual. Ela não era magra, não era gorda, não era loira, não era morena, nem era ruiva, ela não tinha nacionalidade, muito menos idade. Ela era simplesmente ela. Ela tinha uma história, e puxa, como era comovente sua história. Ela batalhava muito, porque sonhava demais! Ela era puro desejo, porque o desejo é que muda o mundo. Talvez, muitos, nesse momento já sabem quem é ela. Mas não, eu ainda não sabia. E eu queria realmente saber. Ela era puro fogo e doçura. Era a dança e a arte. Era a liberdade, a responsabilidade que eu tinha o dever de assumir. Ela era a mãe, filha, conselheira, ela era tudo que o mundo precisava.

E acredite, eu estava pronto para conhecê-la e respeitá-la e fazê-la feliz o resto da minha vida e após. Agora sim, eu me sentia humano. Sabia o porque de lutar por um mundo melhor... Eu queria um mundo melhor para ela. Eu não viveria para ela, eu viveria para o mundo, e assim eu a conquistaria. Mas naquela noite, naquela festa: Éramos dois corpos balançando ao som de uma música envolvente, fervendo reciprocamente no nosso olhar. Éramos parte da festa, e a festa nunca ia acabar. Qual festa? A festa de mudar o mundo!

Gregório Borges
Enviado por Gregório Borges em 29/06/2010
Código do texto: T2349010
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