Mulher musgo.

Ela gostava de ficar nos parques observando as árvores, as flores, a luz do sol invadindo lugares esquecidos pela folhagem.

Mas ela apreciava mais os lugares esquecidos, onde nem o sol conseguia entrar. Ali o musgo crescia... Ela gostava do musgo, porque ele preferia lugares escondidos, desprezados... Lugares sombrios...

Ela sabia que tinha musgo na alma. Sem amor, sem sol, sem envolvimentos nem movimentos. A cada dia, sentia que sua alma estava ficando mais e mais verde.

Certo dia deitou-se no meio dos musgos e ficou a olhar o céu azul por entre os espaços vazios de vida... Desejou sair, livrar-se daquela casca verde que começava a tolher seus movimentos. Quis ser borboleta, voar para longe da vida medíocre e vazia.

Foi. E por lá ficou, dando voltas ao redor do sol, deixando que as camadas verdes fossem lentamente derretendo...

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 04/07/2010
Reeditado em 03/07/2018
Código do texto: T2358505
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