" O MODELO "

Dias de muito trabalho, a mulher de hoje esta cada vez mais escrava de funções, nada mais que uma máquina multifuncional.
Madrugadas em uma eterna busca, de frente de uma tela buscando, inspiração...Arte...Tesão!
Minha busca é invalida, então me decido mudar de profissão.
Alias, uma característica minha, mudo de profissão tentando fugir da minha real vocação.
Desculpas não me faltam, um dia grana, outra vez localização, o que, mas digo para enganar meu coração?
Decido-me em plena madrugada que serei uma promotora de eventos, a novidade incita meu corpo ao desconhecido trabalho.
Planos, projetos, telefone tocando... Mas uma vez me torno a performance perfeita de uma promoter!
Está tudo preparado, o trabalho é apaixonante á minha alma absoluta por loucuras, estou completamente enfeitiçada por mais uma profissão.
Recebo elogios e perguntas do tipo: “Por que nunca pensou em ser uma promoter...?”
Sinto-me bonita, leve e realizada como no dia em que deixei que meu corpo despencasse de um arranha céu, caminho cantarolando pelas ruas.
Chegado o grande dia, percebo que preparar é mais excitante que executar.
Estou nervosa, desejo sair correndo daquele lugar, mas permaneço intacta em cima de um salto 15 e roupas que me permitem muito mais elegância do que naturalidade e conforto, mas é assim que me sinto confortável.
Dou ordens e recebo telefonemas á cada segundo, vez ou outra paro diante do espelho e analiso o que vejo:
Uma mulher de seus trinta e poucos anos, charmosa, mas não necessariamente linda, olhar misterioso e sorriso simpático, olho para meus cabelos longos e percebo que deveria ter pintado, e fico odiando-me por olhar mais uma vez no espelho e lembrar que por motivo de muita ansiedade engordei alguns terríveis kilos que impediram meu vestido novo e exclusivo para ocasião deixar-me desfilar minha vaidade.
Ao ouvir a palavra The End, senti um alivio imediato, resolvo sentar e relaxar...Tiro meu salto e massageio meus pés devagar, sonhando um pouco com uma cama tranqüila.
É quando depois de um certo tempo, noto que estou sendo observada, um olhar que insiste em me acompanhar.
Dou um sorriso tolo e olho para os lados, quem sabe atrás?
Tenho vontade de perguntar-lhe: - É comigo?
Como toda mulher vaidosa, jogo meus olhares, deixo que minha sensualidade, mesmo que enferrujada, flua sobre minha pele fêmea.
Caminho sensualmente ao camarim dos modelos, sento-me despejando meu corpo da elegância cansativa de minutos atrás.
Olho para o grande espelho diante de mim e travo um diálogo comigo mesma:
- Devo ser pretensiosa a ponto de achar que aqueles olhares são verdadeiros?
- E por que não senhorita? È bonita e inteligente, por que não seria para você?
- Faça me o favor querida arrogância, estamos em um evento de moda, rodeadas de pessoas lindas, por que eu?
Ao meio de tantas interrogações minhas mãos tateiam meu rosto procurando minuciosamente um sinal ou marca que expresse que sou bem mais velha que ele.
Sou bruscamente interrompida por uma linda jovem...
Sua jovialidade não me preocupa, nem tão pouco sua beleza estonteante, seios perfeitos e nenhuma barriga, a única interrogação é justamente o olhar daquele jovem, que mal sei o nome, e infelizmente sei bem a idade.
- Meu Deus ele tem menos que 18!
A modelo assustada pergunta:
- Quem? De quem esta falando?
Nesta altura estou totalmente fora do ar, nem respondo, ela nem se preocupa também.
Novamente sozinha, coloco meus charmosos óculos vermelho, que indicam não somente o meu charme.
Olho atentamente as fichas, homens ou “quase homens”, maravilhosos em fotos tentadoras, onde estive este tempo todo que não os vi?
Encontro á esperada ficha técnica, espalhando meu corpo em um sofá confortável...
Como quem se prepara para ver cenas de um bom filme, começo a conhecer aquele menino.
Juan, acredito ser nome artístico, 17 anos, estudante e mora com os pais ainda responsável por ele.
Algumas abreviações indicam-me um internauta congênito, em todo caso ficarei com este endereço eletrônico, já que telefone ou endereço seria muito real para aquela ocasião.
A razão me chama:

- Hei! Em que mundo está? Vamos! Tem muita gente perguntando de você lá fora!

- Me Deixa aqui! Irritante como menina mimada.- OK! Vou retocar a maquiagem, e em segundos estou linda e renovada!

Retoco a maquiagem, mas aquele menino não me sai do pensamento, JUAN, será derivado de Don Juan?
Ao sair levo um susto, ele estava na porta, tento disfarçar e apresso os passos.
Ele ri maroto e sai como se não soubesse de nada.
O desfile já acabou, mas esta rolando uma balada na parte superior do clube, garotos e garotas gritam e pulam agitando á noite.
Devo ir, afinal sou a promoter.
Por sorte tem uma banda tocando velhas musicas, e o produtor do evento me embala em eternas musicas contagiantes.
Começa um forró universitário,
Entre uma dança ou outra, sou contagiada por um ritmo extremamente sensual.
De longe vejo um menino dançando sozinho... Ele com cabelos de anjo...Doce arcanjo...Sorriso malvado... Embalando-me no seu doce pecado...Seu corpo embora jovem era de perder o fôlego, um jeans justo e uma camiseta branca davam um ar de moleque levado...
Em determinado momento obvio que ele percebe meus olhares gulosos á desejar estar embalada por aquela dança sensual.
Abusado menino, me envolve com seus quadris mexendo simultaneamente, fazendo-me imaginar loucuras que não me é próprio aqui falar.
Fita os olhos em mim, encara-me descaradamente, levanta a camiseta em abuso á minha volúpia, o arrepio percorre por todo meu corpo.
Desejo tomar um ar...
Vou desejando á todos um fim de noite, já que a minha esta por começar.
Uma voz grita dentro de mim, outra puxa para o lado de fora, supostamente levada á força de onde quero ficar.
Entro em meu carro, perplexa, para não dizer obcecada por aquele anjo de olhos esverdeados...
Ligo a chave do carro, dou partida, engato á primeira, mas a fêmea grita em mim, desligo num impulso da minha carne insana e quando penso e voltar, agarrar sua camiseta, mostrar todo o desejo que está em mim, sou pega de surpresa por uma imagem:
Dois jovens sorridentes, enfeitiçados pela lua, ou pela idade, ela com seu corpo perfeito e de boca calada, ele aproveitando o que tinha de melhor, sua virilidade.
Sim, era o “meu” garoto, iniciando apenas sua noite, ou melhor, dizendo, sua vida!









Pripoemas
Enviado por Pripoemas em 11/09/2006
Reeditado em 14/09/2006
Código do texto: T237996