Um Conto Sem Acréscimo



Encontrei certa vez uma pessoa que estava tão desiludida que não se sentia mais um humano. Se imaginava noutros mundos, noutras galáxias. Estava mesmo tão só, embora junto a tantas pessoas, tantos entes.

Imaginei lhe dizer alguma coisa que a sacudisse, que a despertasse, encorajasse. Diria algo do tipo… Imagine que estamos numa imensa geleira, sem abrigo nem mantimentos, no limite do calor de nossos corpos. Estamos num buraquinho de gelo, cavamos com nossas mãos este pequeno abrigo gelado. Precisamos de um abraço e naturalmente nos abrançamos para nos aquecermos e sobrevivermos alguns segundos, minutos, horas… Nos abraçamos para além de qualquer tempo. Cada fração de tempo, por minúscula que seja, é existência, e não precisa ser desistência. Devemos acreditar que o calor de um abraço é sempre vida, mesmo em situações extremas.

Mas não lhe disse nada, apenas seguimos a nos conhecer melhor. Cada dia era mais importante que outro, ela parecia já não precisar daquele abraço. Mas eu passei a depender… Daquele abraço, e esperei. Até que um dia quando o abraço aconteceu, já não era mais importante abraçar ou ser abraçado. Às vezes acreditar é mais importante do que fazer acontecer.


Ibernise.
Barcelos (Portugal), 21JUL2010.
Núcleo Temático Romântico.
Ibernise
Enviado por Ibernise em 21/07/2010
Reeditado em 26/08/2013
Código do texto: T2390822
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