ELA
ELA
Ela foi se abeirando da minha cama e oferecendo um sorriso sedutor. Através dos seus olhos eu podia vislumbrar céus e infernos. Estendia-me uma taça que eu não sabia se doce ou amarga.
Como era voluptosa...
Às vezes cantava qual anjo, outras, parecia-me demoníaca.
Ora vestia-se de leve tecido azul, ora de pesada armadura negra.
Beijava-me a testa e as faces com ternura maternal ou roçava seus lábios nos meus com desejo assustador. Mas, foi sua língua penetrando gelada e viscosa em minha boca que me fez gritar.
Afastei-a de mim e, suicida que sou, atrevi-me a pedir socorro a Deus. E Ele, poderoso manifestou-se nele: um homem de vestes verdes massageando-me o peito e trazendo-me de volta à vida.
E, ela, desnudando-se diante de mim, sussurrou: “Eis que ainda sucumbirás aos meus desejos”.
05.10.2006
MACLAU