Não quero rabanada!

Raimundo era ateu, e não gostava de Natal, ele sabia que todo ano, sua mãe, insistente como só, iria visitá-lo e levaria as tais rabanadas da tia Jorgina, aquelas que davam dor de barriga, pois levavam leite de côco na receita. O homem entrava em pânico, já no início de outubro, primeiro porque quando saía do trabalho, já via tudo brilhando, com bolas coloridas e pisca-piscas em tudo que é canto.

E santo, pendurado em tudo que é lugar, ele sentia-se ultrajado, e além do mais ele era publicitário, e tinha que bolar uma campanha inédita todo o Natal. E o pior nesta história é que no trabalho, pensavam que ele era católico, daqueles que vive ajudando os padres nas missas, sua reputação e salário dependiam muito desse lob.

O seu chefe de departamento, era quase santo, e não dispensava campanhas natalinas voltadas para o resgate real da doutrina de fé bem apostólica romana.

Bom, o Raimundo não aguentava mais nem as rabanadas da Dona Deolinda (sua mãe) nem tampouco o chefe Santo, resolveu tirar férias atipicamente em dezembro, foi para o Havaí, procurar um selvícola que só falasse de xamanismo ou similar, tudo certo, marcou passagem...e foi embora...quando estava no avião...quase chegando ao seu destino, a aeronave começou a balançar, e as pessoas a gritar, Meu Deus, Meu Jesus, Santa Maria, e ele na hora do desespero, se confundiu e antes o avião cair gritou: "Nâo quero mais rabanadas...mamãe"....

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 03/11/2010
Código do texto: T2595007
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.