Bebado, eu?

Quando eles se juntavam era história boa no pedaço, sem dúvida. Irreverentes, com certeza teriam história pra contar na maturidade, tantas quantos cabelos brancos na cabeça. Com algumas exceções, claro.... de cabelos. Como toda turma de jovens os caras bebiam, mas bebiam, como bebiam. E gostavam tanto que um deles levava no pescoço um cordão de ouro com uma caneca de chopp, daquelas antigas, de vidro grosso . Numa noite de muita cerveja, lá prá mais da metade da madrugada e o Leblon já esvaziado, já encharcados de cerveja decidiram que era hora de ir embora. Alfredinho, o da caneca no pescoço teve que ser levado ao ponto de ônibus e embarcado para o Flamengo pois estava prá lá de depois de amanhã. Verdade tem que ser dita. Eles bebiam muito, mas raramente perdiam a hora que era pra manter a confiança da família. Nesse dia Alfredinho não chegou às cinco da manhã, como de costume. Deu seis horas e nada, deu sete e meia e a porta se abriu. Surgiu Alfredinho, sóbrio, sorriso inocente desenhado na cara,apenas com a alça da caneca pendurada no cordão.

- Por onde você andou , Alfredinho?

- Sei lá, mãe. O cobrador do ônibus me disse que só pro Leblon eu fui seis vezes.