SALU
 

          Entre os loucos que fazem a história da minha Brejo Santo, na minha infância, ressalto o “Salu”. Tratava-se de um homem de pequena estatura que cuidava do Sítio de D. Mariquinha Nicodemos,  na Taboqueira. 

          Ele vivia o dia inteiro naquele sítio e assustava muito a todas as crianças que ali iam pegar alguma fruta. Dormia numa toca, feita num buraco do quintal do Sr. João Horácio. 

          Era ele muito violento e dizia ter matado o próprio filho à cacete, arma que usava freqüentemente. 

         Durante o tempo que ficava vigiando o sítio, tinha como companheiro um cachorro valente que perseguia as crianças e até adultos ao menor sinal seu. 

         Para alegria da criançada de vez em quando, ele tinha ataques de lucidez e carinhosamente nos acolhia, permitindo que colhessemos frutas (macaúbas, goiabas, mangas, umbus) e ainda nos divertia com um espetáculo grotesco que costumava realizar lutando contra uma lata com o cacete à medida que os meninos gritavam: dá o grito Salu! 

        Enquanto ele lutava e pigarreava em alto tom, como jamais vi em toda minha vida, a garotada continuava gritando: olha o barulho, Salu!!!