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Ela desligou o monitor. A vista doía tanto que lavou os olhos repetidas vezes. Já estava no computador há quantas horas? Doze? Treze? Mal se lembrava se havia almoçado ou se havia dormido na noite anterior.

Quando se deitou não dormiu de imediato, ficou rolando pela cama encontrando uma posição que fosse confortável, entretanto não encontrou nenhuma, deito-se de bruços, mas o travesseiro parecia não estar acostumado com a cabeça dela, parecia novo. Há quanto tempo ela não dormia li a ponto de o travesseiro não a reconhecer?

Deitou a cabeça direto no colchão, meio desconfortável com o ombro encolhido.

Pensava apenas nele, era a única coisa que precisava, mas morava tão longe, tão distante. Algum dia poderia vê-lo? Dificilmente.

Fechou os olhos e imaginou tomando café com ele, comeria mais do que apenas um pedaço de pão sem gosto. Aliás, tudo estava sem sabor ultimamente, faltava algo, sabia o que era. Sem gosto.

E se ele estivesse ali?

Acordaria e o beijaria, Camila reclamaria que ele não fez a barba direito e está espetando-a, mas não ficaria brava de verdade. Passara os dedos pelo seu queixo. E quando ele fizesse a barba, reclamaria do liso da sua pele. Reclamaria do mesmo short que ele usa todo fim de semana, reclamaria do jeito que ele respira enquanto dorme, reclamaria de como ele acorda muito cedo e faz barulho pela casa porque é um desastrado, reclamaria de tudo, só para agradá-lo, porque ele gosta de vê-la dando chiliques.

Camila iria ao mercado sem avisar, e quando ele chegasse em casa ficaria preocupado, "onde ela está?", e ligaria atônito para o celular dela. Camila o atenderia e diria que está comprando ingredientes pra fazer brigadeiro. E ele começaria a rir e a chamá-la de louca porque é a terceira vez na semana que ela faz isso e que só não engorda porque-sei-lá-o-porquê. E ela ia começar a rir quando desligasse o celular, porque só faz coisas assim para ver se ele vai se preocupar. Ela voltaria pra casa sem os ingredientes, levaria apenas um bolo pequeno de milho para os dois comerem junto com café.

Ela se ajeitou na cama, ainda estava desconfortável. Deitou a cabeça em cima do braço e imaginou que fosse o dele. Aos poucos foi conseguindo dormir, até que realmente caiu no sono.

Bruna Morgan
Enviado por Bruna Morgan em 06/12/2011
Código do texto: T3375444
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