Desenhos de uma história de amor com final infeliz

Os pequenos e tímidos traços na folha branca se entrelaçavam e ganhavam vida em suas mãos. Quando terminou o desenho, viu sua própria imagem, nua, de olhos fechados e com lágrimas escorrendo pelo rosto.

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Tornou ao caderno. Olhou as pessoas a sua volta e tentou desenhá-las. Rapidamente, o lápis manchava o papel. Bigodes, chapéus, vestidos, gordos, magros, homens, mulheres. Conseguiu desenhar com perfeição todos os detalhes, menos a que mais importava, na sua opinião: a expressão de cada um. Os rostos eram vazios em seus desenhos. Aquelas pessoas não lhe transmitiam nenhum sentimento. Se sentiu sozinha.

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Desenhou os olhos daquela pessoa. Eram vermelhos. Mostravam toda a sua raiva. Mais uma vez, aquele olhar a fez tremer, mais uma vez aquele olhar lhe fez chorar.

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Várias folhas. Um chalé. Uma noite chuvosa. Um abraço. Uma lembrança. Uma lembrança com cores vivas, alegres. O vermelho em todos os lados. O azul nos olhos. Uma cama. Duas pessoas. Um arco-íris entre elas.

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Era a última folha do caderno. Desenhou um grande deserto cinza. Um céu roxo. Se desenhou novamente no meio do deserto. Um olhar desatento notaria apenas um ponto longe, desbotado, sozinho.