CIÚMES DA EMPREGADA? Série: Figuras de Poções

CIÚMES DA EMPREGADA? Série: Figuras de Poções

Com sua fazenda à margem esquerda do rio das Mulheres, em Morrinhos, município de Poções na Bahia, Vicente Orrico andava desconfiado de alguns pescadores que estavam pondo fim ao seu criatório de galinhas. Com sotaque italiano bem carregado, puxando pelos rrr, Vicente Orrico parecia uma trovoada humana a gritar com seus vaqueiros e empregados.

Um certo dia, (contou-me Ulisses, rádio operador da Polícia Civil em Poções) lá pelos idos de 1963, Ulisses e Napinho estavam pescando na fazenda do italiano quando foram surpreendidos pelo gordo Vicente Orrico, que, indignado vociferava:

- Ladrones de galina! Desde que deram para pescar em minhas terras que las galinas nom poce um ova.

Ulisses tentou dialogar:

- Seu Vicente eu sou Ulisses, rádio-operador da policia...

Vicente, cada vez mais aborrecido, berrava:

- Non quero saber de nada, son ladrones de galina...

Napinho também insistiu:

- Seu Vicente, eu sou Napinho, filho de Domingos Napoli.

E Vicente, visivelmente possesso:

- Vaquieri, abre a cancela e jeta esses vagabundos pra fora... ladrones de galina urrrr... ladrones de galina...

Não seria necessário dizer que esta foi a última pescaria que se tem notícia na fazenda do velho Vicente Orrico. Por outro lado, comentava-se à época, de um romance entre o italiano e sua empregada que vivia na fazenda, longe dos olhos da família e que aquilo teria sido uma cena de ciúmes à maneira dele...

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 31/07/2005
Reeditado em 02/09/2008
Código do texto: T39135
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