Tempos  Remotos
 
Dona Antônia não armava barraco, nem rodava a baiana.
Era cachoeira silenciosa.
Noite sem lua.
Perfume de terra pura.
Em firme rocha desenhada, sozinha aquecia suas crias nas longas madrugadas frias.
Nunca, diante de alguém, chorou. Nem  lamentou. Pouco sorriu.
O casamento infeliz que teve, candidamente, por décadas aceitou.
Num dia gélido de agosto enviuvou.
Calada enterrou o marido, que não amou.  
Voltou para casa e foi tingir de preto as  poucas roupas que possuía.
Um esboço de sorriso no seu rosto havia  nesse  dia.
Assim contavam suas filhas.
 

 
Rosa Raia
Enviado por Rosa Raia em 21/02/2013
Reeditado em 09/08/2020
Código do texto: T4152997
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