FRESTAS DA VIDA

Quando acendi a luz, ela já estava lá, se esperneando entre a cortina da cozinha e o vidro da janela.

Embora sonolento, o sol já despertava,e iluminava timidamente aquele ambiente crepuscular, aonde provalvelmente ela passara a noite.

Entreolhamo-nos e nos afagamos.

Parecíamos diferentes, mas na verdade éramos iguais.

Alí na nossa realidade, pouco nos havia além do obstáculo das janelas, que nos trouxesse alegria.

Ela, pálida na suas cores de origem,não refletia a sua luz natural, e buscava o seu caminho tanto quanto eu ,que repintava com sua aquarela apagada,minha vontade de também voar.

Dei-lhe um sorriso,e abri a janela.

De súbito ela inspirou o ar, e enveredou pela alvorada,matizando suas asas...revivendo, como se acabasse de sair do casulo.

E eu, fiquei alí, estática, a esperar que alguém num ato de extrema sensibilidade, viesse a me abrir a janela.