SUAS COCHAS FRIAS, O MEU SANGUE FRIO

Antes que ela falasse qualquer coisa a beijei. Inexplicavelmente ela não ofereceu resistência e permanecemos com os nossos lábios unidos por alguns segundos. Fechei os olhos e viajei, por todos aqueles 32 segundos sonhei.

Despertei com o seu olhar enfurecido me agredindo, com os seus braços brancos gesticulando. Bloqueei os olvidos com a força da minha mente, permaneci imóvel diante daquela escultura ninfática.

Permaneci imóvel até aquele tapa choca-se contra o meu rosto. Permanecia calado ao apanhar. Senti prazer ao apanhar, adorei o gosto do meu sangue.

Não que eu não quisesse atirar. Eu queria, e porque quis não atirei. Deixei que ela atirasse. Primeiro no meu ombro, depois na minha alma.

Não senti prazer ao vê o seu corpo frio no chão, não gostei do gosto do seu sangue, nem do gelo das suas cochas. Talvez eu pudesse resistir, atirar contra aqueles homens vindo na minha direção. Eu ainda detinha forças. Porém não detinha fé.