Samba

À medida que João oscilava em movimentos o seu corpo parrudo sobre a pele da mulata de lábios carnudos entre desejos espontâneos e toques premeditados, o tempo corria e ele, homem barbado de tatuagens no peito, insistia em amar a negritude da mulher que ele conhecera no terreiro de mãe Maria, há algumas semanas, enquanto limpava a sua alma dos males e da cobiça de gente invejosa. Os quadris fortes do rapaz se entregavam às entranhas de sua cabrocha e ela gemia prazer em voz alta. Ele a acompanhava com a sua rouquidão e tentava disfarçar em vão os seus uivos que ecoavam deleitosamente dentro do barraco da negra, até que as suas pratas que o compunham os braços consistentes queimados pelo Sol, os dedos e o pescoço de repente pararam de cintilar e dos sussurros cansados ouviram-se o silêncio enquanto um fino grito de dor preparava a sua chegada e logo, o seu contentamento. O estase finalmente invadia a garganta da mulher e João observava através de um pequeno buraco no teto uma minuciosa estrela no céu que o fitava no fundo dos olhos. Ele a chamou de Clarice, e após uma breve apreciação voltou-se com a cabeça em direção à cara de sua mais nova bem amada e entregou-se aos seus abraços cálidos em busca de uma resposta para a sua vida inquieta e o seu espírito incessante.

NietzscheCywisnki
Enviado por NietzscheCywisnki em 26/01/2014
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