Caixas de sapatos

Caixas de sapatos. Empilhados, enclausurados, amassados. Minhas coisas sobre as suas, suas coisas sobre as deles e nossas coisas acima de todos, e tudo, e não temos portão. Claro, temos um portão, mas não é teu, nem meu, é de todos, e o que é de todo mundo a ninguém pertence. Vê?

Caixas de sapatos, uns sobre os outros e os outros sobre nós. Não vamos estender a analogia para um campo mais filosófico, ou político, vamos nos concentrar numa verdade, somos sapatos sem dono, morando uns sobre os outros, sem par, sem cor, sem graça nem grana.