Dores

Uma manhã como outra qualquer. O planeta continuava seu giro constante, o sol aquecia a vida e temperava a morte.

Esta, a morte, chegara por telefone, tão impessoal quanto devastadora.

A voz do outro lado era a do médico tentando explicar ao coração de uma mãe que não conseguira salvar a vida de seu filho. Assim e tão somente assim, despedaçara aquele coração, retalhando-o, sangrando-o, reduzindo-o a apenas uma bomba operante, que tentava manter aquele organismo vivo. Aquela voz tinha sido a lâmina que assassinara os sentimentos daquela mãe, que decepara suas alegrias e enegrecera seus dias.

Lá fora, alheio, o sol continuava a sorrir e a insinuar-se, tentando clarear a escuridão. Seria possível olhar para si depois de tal notícia? Seria possível continuar a viver se lhe faltava uma parte, um pedaço?

Há dores que são pungentes demais, mas não incomodam a natureza como um todo, posto que dela fazem parte...