Reencontro
Quando se reencontraram traziam, cada qual, sua bagagem de anos.
Olharam-se como se fosse a primeira vez que se viam. Talvez se conhecessem, mas não se soubessem. Então, como eu dizia, olharam-se e viram-se. Apearam toda a bagagem de seus ombros: os baús de recordações, as malas de tristeza, as maletas de sorrisos esquecidos.
Os olhos dela, baixos e tristes, iluminaram-se. Os dele, sérios, mas distraídos, sorriram.
Dispuseram toda a bagagem atrás de si, evitando misturá-la.
Livres de todo o peso, finalmente, abraçaram-se. Não havia rusgas, não havia tristezas, não havia melindres. Havia apenas um abraço confortador.
Olharam para todos os trastes enfileirados. Esvaziaram o conteúdo de todas as malas e maletas. Espalharam tudo pelos campos ao redor de seu caminho e, em seguida, seguiram juntos e nus.