A Arte da Conquista

Deitou-se sobre ela, sentindo-se o homem mais feliz do mundo. Finalmente, conseguira conquistá-la. Estava excitado, em êxtase, triunfante. Há muito desejava possuí-la, tê-la só para si. Não fora nada fácil. Tivera de ser persistente, perseguir com afinco seu objetivo. Por meses e meses, ela dominara seus pensamentos durante o dia e seus sonhos à noite. Acordava sobressaltado, banhado em suor, após aqueles terríveis pesadelos, nos quais corria, corria, tentando alcançá-la, mas ela sempre escapava, enfurnando-se no interior de um shoping center, onde ocultava-se entre centenas de móveis e eletrodomésticos. Agora ela era sua, só sua. A recompensa cheirosa, alva e macia por sua pertinácia. Suportara, resignado, a gozação de seus amigos, quando um vendedor conhecido contou-lhes acerca de seu objeto de desejo - aqueles babacas! Provavelmente - pensou - a essa hora da noite, devem estar revirando-se em suas camas duras e desconfortáveis. Acordarão cheios de dores pelo corpo, sonolentos e mal-humorados, enquanto ele dormiria como um rei. Esse pensamento o fez sorrir. Levantou-se, foi ao banheiro. De volta ao quarto, antes de deitar-se novamente, contemplou, por alguns instantes, sua reluzente conquista: a enorme cama King Size, de tecido Jacquard, piquet belga, pillow top, com detalhes em metal dourado na cabeceira e colchão de molas com duplo molejo. Deitou-se e dormiu, profundamente. Teve sonhos agradáveis naquela noite. Faltou ao trabalho no dia seguinte. Preferiu ficar em casa, esparramado em sua linda e confortável cama.

Carlos Cruz - 25/06/2007