Pausa interrompida!
Pausa interrompida!
Mais um domingo, Samuel como de rotina levanta-se ao despertar do relógio, faz sua barba e seu lanche e sai de fininho para não acordar sua mulher.
Sai deixando um recadinho na geladeira: “Volto à noite... Te amo”. Embora soubesse que ela sentia sua falta durante toda a semana, não era capaz de ficar naquele dia ali. Havia trabalhado duro a semana toda e não suportava a rotina familiar do domingo, sogra, cunhados, parentes, arroz de forno, frango assado. Havia planejado esse domingo para dormir, descansar em um hotel tranqüilo fora da cidade. É claro que sua mulher não havia sido informada disso. Tudo que ela sabe é sobre um seminário com várias palestras na cidade vizinha.
Estava cansado, passara por uma semana de noites mal dormidas e dirigia apressado para o hotel. Em sua pressa, chegou a perder o controle do volante, mas o recuperou com precisão, escapando de um caminhão que vinha do cais.
Mas não teve a mesma sorte em desviar de uma “Kombi” lotada de freiras, que vinha comendo faixa em uma curva. O desastre não foi proporcional à quantidade de orações. As freiras, após conjugarem Samuel ao inferno, prostraram-se de joelhos ao chão e rezaram até a hora que o guincho chegou e ele, que não poderia ir embora sem o carro, teve que ficar ouvindo aquela ladainha por mais de uma hora.
Samuel teve que voltar à cidade, pagar o táxi para todas elas, e ainda adiantar o concerto dos dois carros.
Chegou em casa no meio da tarde, mais cansado do que saiu, sem dinheiro, sem carro. Foi direto para o quarto, caiu sobre a cama e dormiu pesadamente o sono da sua pausa interrompida.