DESDE QUE ELA FOI EMBORA

Não consigo dormir desde que ela foi embora. Ficou uma falta ardente na alma, uma culpa não sei de quê. Doem os ossos. O coração bate covardemente. As cores do quintal estão desbotadas. Nem a dor na coluna dói como antes.
Um fastio imenso me consome desde que ela foi embora. Não consigo cantar. Dançar, nem pensar. A cerveja tem gosto de sangue. Os amigos, sempre a mesma conversa sem futuro. Masturbar-me? Com que mãos?
Desde que ela foi embora, não faço outra coisa a não ser esperar.
E esperar nunca me pareceu tão sem esperança!
Ritinha me ligou.
Pelo menos não estarei tão só hoje à noite. Sexo mecânico. Uma ilusão me ajudará a esperar.