Alguma estória ou o encantador de ovelhas.

A manha instalou-se: clarividente. Um instante entre duas noites.

O encantador de ovelhas arrumou no cesto seu instrumento de sopro de onde saiam palavras doces, próprias para encantar ovelhas.

Ela estava alí, com seu balido doloroso como uma cançao chinesa medieval.De seus olhos corriam rios caudalosos, como um reconhecimento do homem e de sua miséria cheia de quinquilharias.

O encantador continuou arrumando seu cesto, tao parco.A ovelha sabia que o homem e suas viagens nao chegavam à lugar algum.Ele nao fazia crescerem árvores, nem provocava a revoada álacre dos pássaros, seu truque limitava-se apenas a encantar ovelhas.

Pensou a ovelha: Os que se submetem por conta de seus sonhos a serem encantados, tentam apenas ressuscitar os dias de outrora, buscam apenas alimentar a esperança, acreditam que tudo é a primeira vez.Nao sabem porém, que os encantadores de ovelhas nao podem amanhecer a manha nem entender os jograis da doçura.

Baliu docemente.

Ana Montenegro
Enviado por Ana Montenegro em 29/10/2007
Código do texto: T714146
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.