A vida por um boto.

A vida por um boto

Os sonhos são metas que devemos a qualquer preço perseguir. Conquistas desses sonhos serão alcançadas por diversas formas e quase sempre vindas fragmentadas, para que com sapiência montemos o quebra cabeça do deleite da felicidade.

Sorrir se faz necessário, curtir a vida é uma conseqüência desse sorriso e levar a vida como um barco sem prumo é necessário, cuidados especiais.

Jovens curtem tudo e todos de maneira meio inconseqüente e por vezes longe das devidas precauções. Muitos verões foram vividos em grandes cidades, no inverso o calor aconchegante das montanhas e suas lareiras são a melhor pedida, mas resistir a muitos tombos nas delícias do mar, é preciso muito mais que coragem, mas principalmente responsabilidade.

Invadir a casa dos tubarões é um enorme desafio e o dono do mar não tem por fidelidade abrir as portas a convidados.

Jorge e seus amigos, aqueles que a infância cultua e que sabiamente vamos fortalecendo ao longo dos anos tiveram uma necessidade de procurar algo que fosse extremamente desafiador, que os conduzissem ao auge do impossível imaginário, quando então se dirigiram para a Austrália, cujo objetivo era o deleite das ondas do lugar.

Continente conhecido por sua formosura e rastros de delícias são deixados por seus habitantes e mais ainda pelos inúmeros turistas que não dispensam a oportunidade de lá estar sempre que possível.

Com esse grupo não foi diferente e aproveitando as férias de julho, seguiu rumo a novas descobertas, cuja aventura era a ordem do coletivo.

Dias lá chegando foram de felicidade total. As águas de primeira linha, as ondas gigantescas um convite para muitos mergulhos e as pranchas navegavam com José como se ela fosse a própria extensão de seu corpo.

Semanas de glória foram vividos e o esperado foi se superando e a necessidade de novas aventuras, marca deste grupo se consolidando. Foi quando todos quase que em um momento de magia pensaram juntos na possibilidade de fazer uma caça submarina e para o alto mar se dirigiram.

Tudo era lindo, maravilho, tranqüilo, mas a dores dos minutos seguintes seriam impossíveis de imaginar.

As profundezas do mar, das caças, dos sonhos, foram tomando outra cor e de repente o vermelho tomou conta de tudo que o rodeavam.

Aos gritos e extasiados pelo momento que se pintava aos olhos, todos, ouviam apenas, José, José, José. Ninguém ouvia a resposta do amigo e o vermelho tomando conta da imensidão.

Dentro do desespero e dando pelo amigo perdido nas águas, todos perplexos e sem nada poder fazer retornaram am praia na esperança de pelos menos não compartilharem de mais uma desgraça.

Minutos pareciam horas, que por sua vez dava impressão de ser dias intermináveis, quando no limite das forças do retorno a terra, José ressurge e em meio lágrimas e dor, ao lado de um boto salvador.

Os amigos substituíram o medo da perda do companheiro com a preocupação dos primeiros socorros.

O grupo não sabia se felicitavam pelo reencontro, se choravam pelo susto vivido, pelo milagre a eles concedido ou do curvar ao boto que lhes trouxera seu amigo.

Com gritos e socorro e muita agitação na praia todos tentava dar sua contribuição para que algo pudesse ser feito o mais rápido possível, pois a vida do amigo dependia de uma ação contundente que só a medicina tinha preparo para fornecer.

Como o agito da praia foi grande e todos que ali estavam se envolveram na ajuda a José, o socorro veio com rapidez e sem que percebessem ali estavam não só os salva-vidas como também os para-médicos que de imediato trataram dos primeiros socorros.

Passado o êxtase do momento confuso e meio a muita dor José em uma reflexão feita consigo mesmo atribuiu o gesto do boto as atitudes que seu pai com certeza teria, se ele estivesse vivo.

Em um minuto José viu sua vida passada a limpo e atribuiu suas aventuras a força de vida que seu pai tinha, como forma de superar suas limitações provocadas pela deficiência que possuía.

O fim do dia foi tomado pela recuperação de uma perna perdida e a turma todas tinha convicção que Jose superaria mais esta batalha, pois vitalidade não lhe faltava e coragem era o lema do amigo.

Hoje, meses depois, José continua em sua reabilitação, tão jovem como era, pois o boto e sua solidariedade mostraram-lhe que viver é preciso e superar limites é fundamental, porém agora longe da caça submarinha, pois viver, respeitar a vida e o espaço de cada ser é mais que necessário, é um repensar diante da natureza.

Assim o grupo todo depois de passado a pior fase do susto tomado e certo de que terão o amigo reabilitado e pronto para novas aventuras, tomando-se cuidados para não invadirem espaços alheios, hoje se dedicam mais ao meio ambiente através de estudos e pesquisas consolidando o lema.

Matadores do universo repensem suas ações, pois a vida precisa ser passada a limpo para valer ter vivido.

menina
Enviado por menina em 26/11/2005
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