Fim de relacionamento

– Pensei que nos daríamos bem quando te conheci. Você me pareceu maravilhoso. Entrou na minha vida me prometendo novas experiências, novas sensações e que eu nunca mais me sentiria sozinha. No começo, fui feliz, é verdade; te devo isso. Mas agora tudo mudou. Não posso mais sair de casa, encontrar meus amigos, visitar minha família. Vivo presa por sua causa. Há dias que não durmo, preocupada com você, esperando que me dê notícias. Não agüento mais tanta pressão. Queria poder te esquecer, te botar pra fora da minha casa, da minha vida, mas não consigo. Não tenho forças. Acho que me tornei dependente de você. Se tento ficar longe, sinto sua presença a me chamar. Se tento me distrair com alguma coisa, logo me pego pensando em você. Já pensei até em arrumar outro, mas tenho medo que todos sejam iguais a você. Pra mim, esta situação chegou ao limite. Por isso estou aqui. Vim me despedir. Esta será nossa última conversa.

Terminou de digitar o texto que declamava. No quarto transformado em escritório, apenas uma fresta de luz passava pela janela fechada, o suficiente para iluminar o teclado. Recostou-se na cadeira de couro marrom rasgado, como se esperasse que alguém a dissuadisse. Deixou que se passassem dois minutos, entretanto suas palavras permaneceram na tela como antes. Como se agisse dopada, pegou o revólver que estava sobre a mesa, ao lado do teclado. Ergueu-o pausadamente. Segurando-o com as duas mãos, mirou a tela do computador. Atirou.

– Morri!

Ficou ali, sentada, enquanto olhava a tela estilhaçada.

Em algum lugar do planeta, uma pessoa lia sua mensagem numa sala de chat – um lugar onde as pessoas conversam pelo computador.

Aline Ponce
Enviado por Aline Ponce em 07/12/2005
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