O NONO MANDAMENTO (Excerto III*)

(...) Quando jogou a chave na peça da sala, assustou-se ao perceber que Lulu dormia no sofá abraçada a um porta-retratos com a foto dos pais.

Marcella não sabia o que fazer, não tinha na memória registros de uma noite sequer em que dormira fora de casa e pior “sozinha”.

Pensou ela então em acordar imediatamente a menina, mas sentiu que não ia saber explicar onde estav e muito menos com quem.

Foi até seu quarto e ao ver a cama arrumada sabia bem que Roberto mais uma vez não chegou em casa. Nunca se sentiu tão bem em dormir na cama que só ficara por tantos anos.

Foi ao banheiro do quarto abriu o chuveiro e deixou a banheira encher com uma água tão quente que chegava a levantar uma fumaçazinha de vapor. Tirou a roupa, mas não quis botar diretamente no balde de roupas sujas sem antes conferir se o cheiro de Pedro Luís ainda estava e compara-lo com o aroma igual em sua pele.

Resolveu levar a roupa suja de amor com ela para banheira, não sabia como agir, nunca pensara um dia em trair, mas também não permitiu que isso a incomodasse.

Banhou-se lentamente, como se evitasse de certa forma deixar esvair de seu corpo a lembrança de seu poeta apaixonado.

Terminado o banho, sentiu um cansaço gostoso, vestiu a costumeira camisola e deitou-se. Queria de todo custo sonhar com aquela noite (...)

*TRECHO DE O NONO MANDAMENTO: OS (DES)ENCONTROS (EXTRA)CONJUGAIS