Esperança Normanda - 29de janeiro de 2006 ( Lia de Sá Leitão)

Percebi o quanto estava soziha mesmo invadindo o espaço das pessoas cheias de tempo, sentia-me como se faltasse o ar, o tempo escoasse das minhas mãos como a fumaça que poluia o ar. Passava alguém conhecido,acenava com a mão. Outras pessoas a serem conhecidas, bastava um sorriso e um boa tarde, já se estabelecia um primeiro contato.

Jovens riam conversavam alto, corriam, praticavam esportes, vovós desfilavam orgulhosas os seus netos encharcados de xixi nas fraldas descartáveis e fazia-se ouvir um leve choro de quem diz to molhado e você ai toda orgulhosa não olha meu estado.

Mas outros nenens era um só sorriso, casais com as mãos dadas caminhavam tranqüilamente como se nunca tivessem lido a má notícia.

Os carros estacionavam crianças corriam pelo passeio público deixando as babás malucas de um lado para o outro, pareciam baratas em cozinha.

Ao meu lado distraidamente estava o amor que perdi pelo caminho, naquele instante nem eu sabia o motivo que me levava a estar ali lado a lado desfilando uma situação de casamento que já não era real.

Senti-me culpada, revi valores, revivi situações, busquei no âmago do ser um sentimento mais delineado que unisse nós dois tão próximos ali e sem atentar para o vazio que se formou em nossos sorrisos amarelos com desculpas de estamos bem sim, é mais uma crise. O hiato se estabelecera envolveu o tempo parando o relógio do coração.

Busquei em minha alma o sentimento que outrora que nos unira em laços fortes, cumplicidades, segredos, horas de amor traduzidas em ternas juras.

A mão que segurava o corpo nu, o meu corpo que se deixava abraçar, a boca que beijava e e se deixava ser sugada, o abraço que tomava a alma não permitia sentimentos pela metade, tudo tão intenso, tão abrasador, sem vergonhas, íntimos, safadezinhas de um casal que completava as emoções na medida do pecado.

Volto o olhar meio perdido na linha do horizonte e desconecto as lembranças dos tempos bons, da vida a dois, tempos sem volta ou revolta.

Percebemos no silêncio as mudanças dia após dia, não tem volta, o momento da decisão é definido pela razão com tamanha objetividade que não se mede o metro direcionado para liberdade.

Angústiantes noites de verão, quem lê acha loucura, alguém escrever angustiantes noites de verão, mas caro leitor pense, o calor que antes seria abrasador pelo calor dos corpos naquele instante era o sufocante e abafada hora de dormir juntos.

Ele ali, diante de mim sentado no quem me quer da orla marítima, preferiu entrar em um estado de letargico estabelecendo uma relação de dependência e culpa, eu, cumpria o papel da amiga que não podia abandoná-lo pelo menos naquele instante, mas, impossível esperar mais tempo para sair de cena.

A esperança de um novo amor renascia.