Serão Eles Novamente?

Provavelmente há essa hora eu já deva ter sido atacado por eles. Mas enquanto ainda estou aqui, vou tentando anotar o que vem acontecendo. Peço desculpas a você que um dia possa ter acesso a essas linhas desconcertantes, mas só eu sei o esforço que faço para arrastar a caneta sobre o papel. Além do mais, se tudo ainda não bastasse, andei bebendo um pouco, o que definitivamente não recomendo a mais ninguém. Ao invés disso, beba muito! Mas não faça o que eu fiz. Jamais misture um comprimido de calmante com a porra da bebida, misture três ou quatro. Quer um conselho de amigo? Se chegar ao ponto de misturar calmantes com bebida, cuidado! O próximo passo pode ser procurar uma caneta e um pedaço de papel...

Não sei se devo voltar para o banheiro ou se continuo aqui escrevendo.

Alguma coisa está fazendo a porta dos fundos balançar como nunca. Serão eles novamente? Droga! Que não sejam, pois, do jeito que estou, vai ser impossível correr para qualquer lugar.

Pelo barulho da madeira parecem ser Eles. O que eu faço? O que eu posso fazer? Continuar anotando, anotando, anotando até a porta vir a baixo?

Acho que preciso de mais whiskey. Ou de mais calmantes. Acho que não faria diferença. Na verdade preciso é de algo mais forte. Quem sabe morrer? Quem sabe o álcool que estava na dispensa?

— É claro.

É disso que eu preciso. Daquela maldita garrafa de álcool. Além do mais, a vodka já acabou faz tempo.

Acho melhor parar um pouco de escrever, ou então acabarei vomitando sobre minha própria mão.

— Meu Deus, a porta veio abaixo. Eu sabia...

Não posso continuar, acabou pra mim. Eles voltaram.

Tonico Senna
Enviado por Tonico Senna em 31/01/2006
Reeditado em 31/01/2006
Código do texto: T106532