Das sombras

Até então, somente sombras, luzes são desconhecidas nesse imenso túnel chamado vida, caminho agora com passos lentos em busca de uma saída, mas os obstáculos são muitos e o túnel pequeno de mais. Paro, penso, sinto os outros e percebo que nossas condições são distintas; olho para trás, vejo pessoas que me chamam desesperadamente, olho para frente, vejo outras que já não precisam mais de mim, algumas voltam, esperam os outros e os amparam, enquanto outras continuam a caminhar para seguirem o seu destino.

Eu estou parada, encostada em uma imensa parede entre o ir e o ficar, entre o esperar e o continuar, entre o ajudar e o ignorar, lá atrás eles me chamam, várias vozes se misturam em busca de uma mão amiga, de um abraço, de um afago, de uma simples palavra de amor. Dou um passo para frente, olho novamente para trás, ignoro a luz que antes fitava e corro na direção contrária; minhas mãos se unem as mãos daqueles desesperados seres, palavras carinhosas são ditas e voltamos a caminhar em direção a luz.

Agora, aqueles que antes estavam à frente não existem mais para nós, continuam em busca da luz, mas não a vêem, caminham para si e para si caminharão até que fiquem fracos e partam, enquanto nós, unidos, chegamos cada vez mais perto do fim das sombras, a luz aumenta cada vez mais, os nossos passos agora são rápidos, nossos olhos se enchem de lágrimas e a luz nos envolve lentamente, para que possamos sentir aos poucos o tão esperado gosto da felicidade, para que nossas faces se acostumem novamente com a expressão do sorriso.

Agora não existe mais túnel, não existe escuridão, não existe sofrimento, os obstáculos estão cada vez menores aos nossos olhos, e por mais que eles cresçam serão superados; agora vivemos, antes, morríamos sem conhecer a verdadeira vida.

Marilia Westin
Enviado por Marilia Westin em 06/02/2006
Reeditado em 23/02/2006
Código do texto: T108597