A Fera e a Presa

A Fera e a Presa

O corpo branco sobre a cama redonda, refletida no espelho do teto... Despertou-me do langor... Quem foi o deus que me levou para ali?

A tua voz me dizendo ao ouvido... Champagne??? Trouxe-me à tona... Nós estávamos ali... Logo, fora real... a tua mão descendo pelas minhas coxas, impregnou-se do meu cheiro de maresia... Vi quando a levaste á boca chupando os dedos e bebendo do champagne...

Nossos encontros proibidos... Nossa ânsia desenfreada, nosso prazer mútuo!

Corpos em festa. Suados depois da dança de Lobos.

Há quanto tempo já estávamos ali, nós que nem sempre dispúnhamos de tantas horas paralelamente... Corridas.

Com o meu gosto em tua boca... Senti o teu beijo.

O teu corpo sobre o meu... As minhas mãos sobre o teu corpo, as tuas mãos em meu corpo.

Os teus dedos, a tua língua, o teu sexo... Onde os escondi? (rindo...).

As minhas mãos seguem o mapa da mina... Onde o tesouro? Segundo as lendas, sempre em algum poço secreto.... O teu corpo em movimento sorrateiro faz com que as minhas mãos percam a trilha desbravada... Trilha selvagem.

Sinto a tua mordida no meu peito... Qual lobo faminto, tu me sorves... Eu te alimento e nutro... Agiganto-te e tu me possuis... Selvagem selvageria...

Minha entranha em brasa recebe a tua lança em fogo... Ritual satânico... Bacanal divino.

Eu gemo. Tu uivas...

Fera e presa... Onde nos misturamos?

Se minhas mãos reencontram a trilha perdida... Onde o tesouro... a rota do poço?

Os dedos em dança orgástica encontram o segredo... Tu me mordes... O macho recusa... O prazer implora... Eu te possuo... Eu triunfo... Tu exultas.

Mas... a sapiência do meu corpo te permite o triunfo... eu prefiro exultar e... Docilmente... Deixo-me ser penetrada pelo ferro em brasa no meu mais recôndito segredo... Tu triunfas, eu vibro e gemo e grito e quero que me possua com mais audácia... Com mais ousadia… da tua lava quente eu escorro em rio... Sucumbimos um ao outro?

Atingimos o limite das águas... Agonia e êxtase?

Gozo.

Orgasmo.

Sexo.

E...Amanhã? Não sabemos.

Fátima Pessoa

Poética
Enviado por Poética em 21/02/2006
Código do texto: T114513