Eu queria um ponto final

Eu queria um ponto final. Fosse ele de “então eles foram e são felizes.”, ou até mesmo de “ela se cansou e foi embora.”. As vírgulas que separam os episódios e os três pontinhos que ficam sempre indicando onde está provisoriamente parada essa historia são o que me matam.

Você continua vindo e indo embora, e eu continuo tão entregue, tão impotente, tão sua, vendo você levar partes de mim. Não há nada que eu odeie mais em mim do que ser sempre louca por você, estar sempre disponível pra você, estar sempre condicionando o meu humor de acordo com a forma como você me trata, ser sempre mais você que eu.

Eu não agüento mais morrer toda vez que vejo você rodeado daquelas garotas, toda vez que você não ri da minha piada, toda vez que você me olha com essa cara de “já chega, Denyse, já chega” e ressucitar numa dessas noites onde você põe pra fora todo o desejo e amor que tem por mim e vem me procurar. Você não me deixa te esquecer, você não me deixa ir embora, você não me deixa chorar minha magoa em paz. Você sempre me pisa e me fere, mas sempre volta me amando e me querendo mais que tudo a tempo de não me deixar dizer de verdade “agora chega”.

Eu não vou embora por que sei que não estou pronta, sei que não consigo, sei que vou voltar. Mas tambem sei que sou mulher demais pra você, pra estar aprisionada a você, pra deixar que a minha felicidade dependa de você. E no dia que eu finalmente conseguir colocar isso na cabeça toda essa angustia, todo esse sofrimento que você me proporciona vai passar e eu vou poder dizer com os pulmões cheios de ar que finalmente eu te esqueci. E eu vou fazer um brinde a sua idiotice, um brinde a você, que podia ser tudo e mais um pouco, mas preferiu ser um quase. Um quase que não me deixava ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada. Um quase que acabou se tornando um nada.

Denyse Barrêto
Enviado por Denyse Barrêto em 18/09/2008
Reeditado em 28/03/2011
Código do texto: T1184258