O Beijo do Seminarista

Beijo do Seminarista

Aquela criaturinha possuía uma beleza ingênua e comovente, meio mocinha, meio mulher. O seminarista perscrutou o olhar de menina –estavam tão pertos...Ensaiavam para a apresentação do coral na festa da padroeira da cidade. Ele aproximou-se numa ânsia de sentir-lhe o perfume. Os lábios eram delicadíssimos e pareciam esconder uns sorrisos marotos, os olhos puxadinhos lembrando uma figura de Botticeli – misto de castidade mística e de alegria pecadora.

Conteve o desejo que se apossara dele, beijar-lhe o rosto, acariciar-lhe os cabelos.

Imaginava a suavidade da pele - o desejo forte, intenso. Conteve-se com pavor do que poderia acontecer. O desejo ficou, cresceu, brotou. No primeiro instante, após o ensaio, ele correu para alcançá-la no longo corredor que leva aos jardins do colégio. Puxou-a pela mão e beijou-lhe a boca.Ela olhou assustada. E sorriu com ternura. Seu primeiro beijo.

Poética
Enviado por Poética em 07/03/2006
Reeditado em 07/03/2006
Código do texto: T120033