GLOSTORA ATACA DE NOVO

GLOSTORA ATACA DE NOVO

Mais uma vez Pedro Glostora estava de volta a Belo Horizonte e foi pedir abrigo na casa do paciente primo José, mas dessa vez ele foi avisado que seria a ultima se ele aprontasse novamente: ele voltou ao quartinho dos fundos e era alimentado pelo santo José, porque as mulheres da casa lideradas por Nana detestavam a presença daquele vigarista.

Para complicar as coisas, a costureira Nana havia comprado um belo conjunto estofado para colocar na sala que estava sendo pintada, as lindas poltronas e o belo sofá estavam guardados no já referido quartinho e o Glostora foi avisado para não se assentar ou se deitar sobre eles,; para evitar encrencas o primo José providenciou um colchão e roupas de cama para ele.

Os dias foram passando em relativa paz, mas Pedro começou a mostrar as garras quando foi apanhado dormindo sobre o intocável sofá, Nana ficou furiosa e deu umas boas vassouradas nas costas do atrevido; José teve o maior trabalho para contornar a situação e convencer o mulherio da casa a perdoar mais aquela inconveniência, o cara de pau continuou lá com o lombo lanhado pela surra que levara.

Nana usava um tipo de sapatos ortopédicos que eram feitos sob encomenda e tinham um preço bem alto; justamente naquela ocasião ela encomendara um par e Pedro sabia do assunto, mas ninguém podia imaginar que daquele assunto simples ele retiraria idéias para se dar bem, o tempo passou e Nana já estava usando seus sapatos novos que foram devidamente pagos e parecia tudo normal.

De repente Pedro anoiteceu e não amanheceu; uma manhã José foi levar o café para o primo e nem ele, nem sua mala estavam lá, ele se fora sem se despedir ou agradecer pela hospitalidade, Nana e as outras mulheres da família suspiraram aliviadas de se livrarem daquele encosto e o assunto foi rapidamente esquecido.

Os dias se transformaram em meses, de repente chegou a data do aniversário de Nana e a família se reuniu para um almoço festivo e lá estava um convidado especial, era um compadre e grande amigo da aniversariante, mas ele não levara nenhum presente e isso não era normal; mas em meio a alegria reinante ele se chegou a Nana e disse: comadre, aquele dinheiro que emprestei para pagar seu par de sapatos é meu presente de hoje, não pense mais nisso; foi um susto, mas logo entenderam que era mais um rolo do Glostora e tudo ficou claro.

Na época da compra dos sapatos de Nana, ele procurara o tal compadre da moça e pedira o dinheiro necessário para paga-los e o compadre emprestara feliz por ajudar a apreciada comadre, mais uma vez Nana fora vitima daquele parente sem caráter; ela se prontificou a reembolsar o compadre, mas ele não aceitou e ela ficou ainda mais envergonhada; essa foi demais até para o tolerante José, que prometeu nunca mais receber em sua casa aquele primo desonesto, aproveitador e mal agradecido.

Maria Aparecida Felicori{vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 28/09/2008
Código do texto: T1201375
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