ELEIÇÕES 2008 – A ÚLTIMA JOGADA ACERTADA



Naquela cidade pequena de 130.000 habitantes, o dia está conturbado, revirando a paz. No entanto, o calendário eleitoral data de 02 de outubro de 2008, encerrando mais uma jornada da programação da lei Eleitoral. Conta-se com dois grandes partidos políticos no maior ato cívico de carreatas, envolvendo além dos automóveis, motos e todos os tipos de transportes existentes nas aspirações daquele povo iludido e crente.

A guerra pelo poder municipal, a reeleição de prefeitos e vereadores, fazem o teatro a céu aberto de corrupções generalizada no mais astucioso plano em esmagar minúsculos partidos políticos que nada detém nas desproporções quanto às manifestações agitadas.

Carros enfileirados nos postos de combustíveis, meninos e meninas, jovens, mulheres e homens, cruzam ruas em bicicletas enfeitadas com os retratos dos candidatos do maior partido. Às pressas, ruas asfaltadas, bueiros tampados, praças modificadas dão uma tonalidade de pura beleza. Não há tempo, não há lerdeza, troca de empregos por votos, esperanças de novos trabalhos em desigualdades, de maneira sutil e refinada, dominam a orla da cidade. Imagem de homens brilhantes, burocráticos e futuros representantes, é sem dúvida, seu ativo mais precioso, ponto crucial para uma escolha na função pública desprotegida juridicamente pelos eleitores.

Aflora a justeza, novas mudanças, saúde, segurança, educação, cultura e melhorias de vida ao povo brasileiro das cidadelas, é a guerra da eleição como se fossem Palestinos e Israelenses num troca-troca de tiros e pedras em plena democracia. Flancos candidatos com o desejo ardente de impor nas veias abertas das verbas públicas, os futuros desvios mascarados nas contas da contabilidade do erário.

Na manhã de hoje, dois de outubro de 2008, um contador chamado Hércules daquele município falou ao amigo Gasparino, indagando;

-Então, o Fernandes vai se reeleger novamente?

-E como vai!

-É amigo! Quem tem poder domina um bocado de gente. As contas dele não foram aprovadas na gestão passada no TCU, inclusive, recorreu da decisão, perdeu na primeira e segunda instância. E ação de execução que lhe move o Ministério Público Federal lhe cobrando seis milhões de reais oriundas do FUNDEF, foi suspensa. Concluiu Hércules.

Surpreso Gasparino pergunta:

-Como?

-Ora meu amigo, o homem joga pesado, contratou um advogado somente pra invalidar a execução no cumprimento da sentença. Nem mesmo a penhora online do BACEN serviu para o próprio Estado onde ele vai ser reeleito e roubar mais.

Indaga com um ar de surpresa o amigo Gasparino;

-E os bens dele não foram penhorados e considerados indisponíveis?

-Que nada rapaz! Não tô lhe dizendo que o homem é PHD em falcatrua. Todos os seus bens são distribuídos entre parentes e laranjas. E os únicos bens que possui, são títulos podres da velha república, TDA´s de terras do INCRA em Chapecó com escritura falsa de compra e venda e grilagens no Pará. Estes são os bens que ele dá em último caso para quem executa o nobre prefeito. Gasparino, não vou falar mais nada pra não sair o meu nome por aí. Disse Hércules sorrindo.

-Que nada rapaz! É isso que o povo quer saber.

-O povo sabe de tudo, o opositor já demonstrou tudo em jornais e televisão, mais de que adiantou. Ele continua aí, sorrindo e vai ganhar as eleições. Dando fortes gargalhadas o amigo Hércules confidencia.

-Então me fala qual é a jogada dele? Inquiriu Gasparino.

-Cala-te boca! Mas vou falar. Ele determinou ao JJ Pereira para contratar vinte e cinco mil pessoas e cadastrar todas elas no CP, distribuídos em vários bairros da cidade e zona rural para não ter tumultos, ofertando pela semana de trabalho de boca de urna a quantia de cem reais. No computador do prefeito, ele tem os números dos títulos de todos os eleitores da cidade, e no final ele faz um cruzamento com os cadastrados.

-Mais a boca de urna não é proibida no dia da eleição?

-Sim. Mais os eleitores não vão fazer boca de urna e nem trabalhar, é uma forma de comprar o voto e dizer que tem pessoas aliadas ao partido juntamente com seus candidatos a vereadores. Já que o sistema é eletrônico, rapidamente ele saberá dos resultados antes do povo. É por isso que na hora do cadastramento, ele paga logo.

-Mais isso é perigoso. Como ele vai disponibilizar tanto dinheiro nessa semana, haja vista que os bancos estão cautelosos em relação a dinheiro.

-Deixa de bobagem. Ele está com mais de dez milhões de reais em grana viva no sítio dele. Não precisa de bancos, o banco é que precisa dele. Além de farta munição e homens bem armados, diz ele que garante a eleição. Inclusive, eu vi ele falando com o Juiz para dispensar o envio de tropas federais para a cidade junto ao TSE. E o Juiz que canta na caneta dele, aceitou, mesmo enraivecendo o outro lado.

-É amigo, política é política. Hoje mesmo o Mundinho veio do Piauí e me disse que na cidade dele só tem um candidato a prefeito, vice-prefeito e nove vereadores – Chapa única. Engraçado! É que são nove vereadores para o mesmo número de cargos.

-Veja só! Isso é que o TSE devia proibir lá naquela cidade de Vila Nova. O eleitor é forçado a votar num único candidato e todos os vereadores serão eleitos com um ou mais votos.

-Olha! Lá não se vê carro de som, santinho, bandeiras e nem carreata, muito menos comício. Tudo isso foi produto de um grande acordo entre todos os candidatos de partidos diferentes.

-Valha-me Cristo! Essa é de lascar! Eu nunca vi um caso desses. Vai ser manchete de jornal, até aposto que vai pro jornal Nacional e Fantástico.

-E vai mesmo! A conversa que rola por lá, é que tem um deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) que deseja fazer uma barragem para o povo de Vila Nova do Piauí. Uma esperança que há muitos anos os políticos só falam nessa época. E tal deputado disse que só liberava a verba de quatro milhões se houvesse chapa única, isto é: candidatura única para não haver rixa política. Logo, todos os candidatos aceitaram para o bem de Vila Nova do Piauí. E o Mundinho disse que vai votar em branco por falta de respeito com a democracia, proibindo dele gozar de sua cidadania e no direito de escolha. É o chamado voto cabrestão, não há como sair ou pular e tem que engolir calado.

-Em que cidade do Piauí? Será que esse povo de lá não tem moral?

-Sim. É na cidadezinha de Vila Nova do Piauí que fica a 364 km da capital, só tem dois mil e quinhentos eleitores. Rapaz! Se eu soubesse,  filiar-me-ia em qualquer partido de lá, e ganhar sem fazer nada como vereador.

-E se morrer ou não ter a quantidade eleita de vereadores, no caso terá nova eleição. Além de não ter suplentes. É uma vergonha nacionalmente escancarada, e esse fato é inusitado. 

É Brasil cor de anil! Vote certo naquele que tem perfil!


OBS: O fato acima é verídico.
ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 01/10/2008
Reeditado em 03/10/2011
Código do texto: T1206709
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