MACACO DUDÚ QUER BANANA?

MACACO DUDÚ QUER BANANA?

Nesse mundão de Jesus Cristinho existe gente de todas as raças, cores, tamanhos, pensamentos e atitudes diferentes; nessa mistureba amalucada alguns são bondosos, mansos e fáceis de se lidar e outros ao contrario vieram ao mundo para complicar tudo e fazer todo tipo de burrices, esse era o caso de Elisabeta Santoro que todos os moradores da Vila de Espinheira Santa chamavam de tia Betoca; tia de poucos pelo sangue, mas de muitos pelo habito.

Solteirona não por gosto e sim pela má fama que desfrutava, tia Betóca era uma pessoa terrível; feia até que não era porque tinha um corpo bem feito, olhos verdes e bonitos cabelos claros, mas era rude, maldosa, fofoqueira e não perdia oportunidade de prejudicar alguém com seus comentários maldosos e desagradáveis, quem ela mais perseguia era sua própria família, atormentava a todos inclusive as crianças que fugiam dela como o diabo foge da cruz, era demais.

Tia Betoca não foi feita para conviver pacificamente com outro ser humano e nem com os bichos, porque gatos e cachorros fugiam dela apavorados, com medo de suas pauladas e pedradas;

os homens diziam que ela era uma pessoa bonita por fora e feia por dentro e corriam dela as léguas, ninguém esperava que aquela versão melhorada de porco espinho conseguisse amar alguém ou alguma coisa, mas apareceu em seu quintal um filhote de macaco e ela amou.

O bichinho era magrelo e sem pelos, mas com os cuidados recebidos da solteirona ele desabrochou se tornando um animal forte e bonito, seu pelo se tornou brilhante e espesso, engordou porque comia muito e sua comida era um dos cuidados de tia Betoca o que quer dizer que ele comia muitíssimo bem; para aquela figura ranzinza ele era mais que gente, com ele falava mansamente e dizia palavras açucaradas, com as pessoas ela não falava, gritava.

O paparicado macaco recebeu o nome de Dudu e quando alguém se atrevia a dizer que aquilo não era nome de bicho e sim de gente, a criatura respondia que o símio era melhor do que muita gente e por isso merecia o nome e todos os cuidados, precavidamente o intrometido se calava porque se insistisse no assunto ouviria muita coisa grosseira e desagradável ; para uma pessoa difícil com aquela o bicho era o amigo, o marido e tudo mais que ela não tinha.

Só que gente é gente e bicho é bicho e Betoca descobriu isso de uma maneira bem engraçada, ela brincava com seu querido Dudu como se ele fosse realmente uma criança e o macaco ficava cada vez mais atrevido e confiado como qualquer garoto malcriado; uma manhã Betoca foi como de costume dar comida ao Dudu e resolveu brincar um pouco com ele: descascou uma banana e ofereceu ao bichinho, mas quando ele foi pegar ela retirou a fruta e ofereceu um dos dedos.

Dudu agarrou o dedo da figura e mordeu com gosto, ela gritava e ele não soltava, os vizinhos vieram prestar socorro e foram obrigados a pular o muro porque ela vivia com a porta da rua trancada, apertaram o pescoço do macaco até ele largar o esfacelado dedo de Betoca, o sangue jorrando e ela aos gritos foi levada ao médico que só conseguiu salvar a metade do dedo, foi um sufoco e ela aprendeu a lição, se livrou do bicho e melhorou o jeito de tratar a comunidade de Vila de Espinheira Santa.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 18/10/2008
Código do texto: T1234572
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