TAXI?

TAXI ?

Aquele motorista de táxi era realmente uma figura especial, alegre, brincalhão ele estava sempre pronto para viajar e conversar amigavelmente com os usuários de seu carro; seu jeito diferente de conversar acentuando bem as palavras e repetindo as frases varias vezes como se o ouvinte fosse surdo ou idiota, outra de suas característica era incluir sua esposa a Lídia em tudo que dissesse aproveitando para exaltar as qualidades da mulher e era engraçado.

Seu nome era Zoroastro da Silva, mas atendia pelo apelido de Nico e ninguém sabia a razão do apelido, pois alcunha de Zoroastro sempre foi Zorô, mas verdade seja dita a cara dele combinava mesmo com Nico; ele era moreno de cabelo bem enroladinho, pernas curtas e costas largas, boca enorme e dentes grandes, usava um bigode bem aparado e se vestia muito bem, sempre com calças de linho bem vincada, bonitas camisas de seda bem coloridas e sapatos lustrosos.

Seu carro era um chevrolet preto muito bem cuidado, com um cartaz lateral que dizia: atendo de dia e de noite, carrego qualquer um menos pinguço e mulher dama porque Lídia não gosta, não viajo fiado porque a gasolina compro á vista; Nico era o único taxista da pequena cidade de Pedregulhos, e o jeito era cumprir suas normas ou andar a pé, mas ninguém reclamava porque o que lhe faltava em finesse era compensado com suas divertidas fofocas e lorotas.

Na pacifica Pedregulhos não existiam crimes, apenas pequenas desavenças que se resolviam com um ou dois conselhos do padre Justino, ali quem não era parente era compadre ou comadre e tudo se resolvia bem; quando aconteceu o primeiro roubo na cidade foi um alarme geral, ainda mais que a casa invadida foi a do prefeito do lugar, os ladrões vindos de fora entraram na residência pela porta da frente, renderam a família e pegaram todos os valores e saíram calmamente.

Isso tudo aconteceu á noite e no dia seguinte ao saber da noticia Nico taxista tomou a historia para si e contou: era meia noite quando bateram na porta , fui atender e eram três homens com uma mala que queriam viajar para a cidade de Santana, eu mandei esperar, voltei para o quarto e disse para Lídia: vista seu penhoar cor de rosa e vai fazer um café; tirei meu pijama listrado, vesti minha camisa de seda verde e minha calça de linho marrom e fui tomar meu café.

Depois do café sai com os passageiros e me dirigi para Santana, mas antes eu disse pra minha Lídia: mulher esses homens são ladrões, sinto o cheiro, sinto o cheiro e fui , lá chegando eles tomaram a Maria Fumaça e eu voltei com a certeza que levara os ladrões, e quando soube do roubo eu disse a Lídia: falei, não falei eram os ladrões; alguns gaiatos perguntaram porque ele deixara os gatunos fugirem e ele respondeu: sou taxista, taxista e não policia porque eles prendem e eu conduzo, conduzo.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 22/10/2008
Código do texto: T1242908
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