os passos mal-assombrados

A noite cai preguiçosamente no campo, cobrindo de pequenos orvalhos as folhas indefesas. A lua começa a emitir seu brilho bem devagar, timidamente, até se tornar uma luz intensa, capaz de guiar caminhos dos mais escuros. Um homem caminha, sozinho, por essa estrada, no meio da floresta, um pouco assustado, olhando pra todos os lados. Que estavam cobertos por grandes arbustos e árvores. Só uma trilha o guiava de volta para casa.

Súbito, no auge do seu temor (suava frio) começou a perceber passos atrás de si. Com muito medo resolveu parar. Os passos também cessaram. Iniciou a caminhada, e lá se vai o barulho acompanhando-o. apressa o passo. O barulho dos outros passos também eram acelerados. O suor agora era frio. Ele tremia, não de frio mas de medo. “isso aqui deve ser mal-assombrado” pensou, tremendo de medo. De repente parou: “quem está aí?”... e nada!

“quem está aí!!”. Sem qualquer resposta o homem pôs-se a correr. E cada vez que corria, os passos atrás dele aumentavam. Mas eis que a salvação chegara. Avistara sua casinha “estou salvo! Estou salvo”. Entrou correndo porta adentro, sua esposa deu um pulo da cadeira, assustada: “ que é isso, Zeferino?! que aconteceu?!

- v... você n... não vai acre... ditar...

- fala logo, homem, desembucha!

- eu vinha vindo pela mata, de repente ouvi passos atrás de mim. Eu parei, os passos pararam. Continuei andando, os passos me seguiam... essa mata é mal-assombrada!

- que nada, Zeferino, cê ta imaginando coisas. Deixe eu ver se tá com febre... não, não tá!

- sabe de uma coisa, mulher, eu vou tomar um banho... assim, quem sabe eu acordo desse sonho.... que sonho! – e foi andando para o quarto.

- Zeferino, peraí... – ele parou – agora anda de novo – ele andou – tá aí a sua assombração...

- não fala dessas coisas, mulher, credo em cruz!

- tá na tua cara e cê não ta vendo...

- c... como ass... sim??

- a barra da sua calça, homem, a calça nova... ela encosta uma na outra, quando você anda... dê umas voltas pela sala que eu vou te mostrar – ele andou. Cada vez que andava a barra da calça encostava uma na outra, dando a impressão de além dele havia mais gente andando atrás.

- Aí está a sua assombração, Zeferino... que homem cagão....(risos)

caçapava, 26/10/08

Ajosan
Enviado por Ajosan em 26/10/2008
Código do texto: T1249660
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