MUNDO NOVO

MUNDO NOVO

Comadre Maria Lenira era amiga de toda a comunidade da Vila do Coqueiro Verde e além de amiga era comadre de todos pois era madrinha de batismo, crisma ou casamento de duas gerações de coqueirenses e isso a tornava uma pessoa extremamente querida e merecedora de credito e grande respeito; além disso era amada e sua prosa divertida levava alegria e prazer a seu grande numero de compadres, afilhados, parentes e amigos.

Ela nunca foi rica e as vezes tinha graves dificuldades financeiras, mas conservava o bom humor em qualquer circunstancia; vencia os problemas sem queixas ou lagrimas e se a vida lhe dava uma banana ela a descascava e comia, mas comadre Maria Lenira era bastante antiquada e as vezes se sentia desconfortável com as atitudes modernas, mas conforme seu costume engolia o desconforto calada e agüentava o tranco.

Pensando em uma maneira de externar suas opiniões sem ofender ninguém, ela vasculhou seu cérebro a procura de idéias salvadoras difíceis de encontrar, pensou, pensou e descobriu o jeito de desabafar seu descontentamento sem se enrolar em discussões principalmente com os jovens que na maioria eram seus afilhados, em certa tarde de conversa com vários compadres e comadres, encontrou a ocasião para falar.

O assunto era a desobediência dos filhos, a falta de respeito com os idosos, a preguiça para estudar e trabalhar e principalmente a naturalidade com que tratavam os assuntos sexuais e os excessos com bebidas e drogas, foi ai que comadre Maria Lenira disse: compadres, comadres e amigos vocês estão com dificuldade para entender as mudanças ocorridas nos últimos tempos, porque estão com idade avançada demais para isso.

Diante do olhar espantado dos presentes todos muito mais jovens que ela, se explicou: o caso meus queridos é que o mundo acabou e vocês não se deram conta, esse não é aquele mundo ancião que estávamos acostumados, é outro em plena infância porque o velho mundo morreu no ano de dois mil e nasceu esse em que estamos vivendo agora que completou oito anos em janeiro passado, por isso não tem juízo e nem modos.

Para completar ela disse: amigos minha avó dizia: menina o mundo a hum mil chegará, mas de dois mil não passará, como ela nunca mentiu eu sei que ele não passou mesmo, estamos em novos tempos e ainda vamos ter muitos problemas até esse mundo novo se criar e chegar a maturidade, então junto com ele os jovens também encontrarão seu caminho e talvez a boa educação, o respeito, a responsabilidade e a inocência voltem a imperar.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 29/10/2008
Código do texto: T1255227
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