A PROFESSORINHA QUE AMAVA OS NUMEROS

A PROFESSORINHA QUE AMAVA OS NUMEROS

Seu nome era Linda Flor, mas aquela jovem era tão meiga que a família passou a chama-la de Lindinha e com o passar do tempo o apelido tomou o lugar de seu nome verdadeiro, mas na verdade ela era mesmo linda porque além da beleza física tinha a beleza de espírito; jovem, linda e ótima pessoa e não tinha um namorado, isso era de se estranhar porque suas amigas estavam todas casadas, felizes e algumas já com filhos crescidos.

Nas cidades pequenas como Formoso, as moças se casavam a partir dos quinze anos e Lindinha aos vinte e poucos era considerada solteirona, mas aquela situação era escolha dela porque pretendentes não lhe faltavam, mas ela não aceitava ninguém e continuava sempre alegre, gentil e só; de repente apareceu na cidade um rapaz muito simpático, bem educado e a solitária Lindinha se encantou por ele e começaram um namoro.

Como os números eram a paixão da professora de matemática, ela adorou o nome do rapaz que se chamava Mario Sete e todos o chamavam de Sete; a família de Lindinha era muito rica e não aprovou nem o rapaz e menos ainda o namoro, porque ele era pobre e viera de outra cidade para jogar futebol em Formoso ganhando um salário bastante modesto, longe das pretensões dos familiares da jovem, ela tentou resistir e não deu.

O namoro terminou e ela voltou a sua solidão jurando permanecer solteira o resto de sua vida; passado algum tempo o jovem Sete se casou com uma moça feia e de temperamento grosseiro chamada Ana, ninguém entendeu aquele estranho casamento, mas por algum tempo o assunto foi deixado de lado e a vida continuou, até que o Sete não agüentou mais aquela mulher que nada tinha a ver com ele e voltou só para sua cidade.

Alguns anos se passaram e a vida em Formoso continuou sempre a mesma pasmaceira de sempre e Lindinha envelhecia devagarzinho e na mais completa solidão, porque nunca mais quis namorar ou freqüentar festas; sua única alegria era ensinar matemática aos seus alunos da escola onde lecionava, mas de um dia para o outro a situação mudou radicalmente com a inesperada volta do inesquecível Mario Sete, causando um enorme reboliço.

A pequena e calma cidade de Formoso ferveu com os comentários, todos queriam saber o motivo do regresso do simpático e agora desquitado rapaz, ninguém descobriu nada e a curiosidade só aumentava, mas ele chegou calado e continuou mudo indiferente a curiosidade dos fofoqueiros locais; ao saber da chegada de seu nunca esquecido amado, Lindinha manteve sua costumeira discrição e sua vidinha continuou sem mudanças. Durantes dias seguidos tudo parecia normal, mas uma manhã ela não apareceu na escola, como isso não era usual, todos se preocuparam e dona Cenira a diretora daquela escola foi saber noticias na residência de Lindinha, mas ela não dormira em casa e sua família estava desesperada sem saber o que poderia ter acontecido, mas tudo se esclareceu quando Lurdes a melhor amiga da desaparecida chegou para entregar uma carta da mesma. Na carta ela dizia que tinha ido embora com seu querido Mario Sete, e pedia perdão a seus pais pelo desgosto que estava causando, mas que estava cansada de viver só como uma freira e que se julgava no direito de viver seu amor e de tentar ser feliz;quando a noticia se espalhou foi um terrível escândalo porque os desquitados eram considerados inadequados para moças distintas e de boa família e até para moças sem família.

Os dias passaram, semanas se seguiram e os meses chegaram, mas os cidadãos de Formoso não conseguiam se esquecer do desagradável assunto da fuga da professorinha com um homem marcado pelo desquite; o disse me disse corria solto e a família de Lindinha sofriam humilhados por aquela situação, mas vinte anos passados e o casal de fujões apareceu em Formoso, envelhecidos e muito felizes; o tempo curou todas as feridas, foram muito bem recebidos por toda a comunidade e o assunto foi encerrado para sempre.

Marrrria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 04/11/2008
Código do texto: T1264436
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