Ele queria saber se quando ela tirasse a calça, sua bunda permaneceria gostosa.

Ela queria saber o que ele bebia.

Ele se questionava se a morena do lado dela serviria, caso ela não retribuísse seus olhares.

Ela estava insegura sobre se seria conveniente olhá-lo novamente.

Ele havia escondido o cigarro na meia.

Ela gostaria de ter trocado o batom.

Ele já admitia acabar a noite na Prado Junior, limitado em cento e cinqüenta reais.

Ela queria saber se ele era rico.

Ele imaginava tê-la na garagem do motel a duas quadras dali.

Ela sonhava com alguma massinha frugal acompanhada de manjericão e um bom vinho antes de conhecer seu quarto, certamente em Ipanema.

Ele optou por arriscar vinte de seus cento e cinqüenta num cowboy doze anos.

Ela deixou a pista e pediu uma água com gás.

Ele tomou a iniciativa.

Ela fez-se de surpresa.

Ele gaguejou um pouco.

Ela sorriu e respondeu que não, não era a primeira vez que havia ido àquela boate.

Ele achava que estava indo bem após sete minutos.

Ela o achava meio insosso.

Ele pensou alguns segundos antes de contar uma piada sobre judeus.

Ela o achava igual ao Beto.

Ele ficou apreensivo.

Ela achou a piada escrota.

Ele orgulhou-se com a gargalhada que ela deu.

Ela resolveu matar a saudade do pau do Beto.

Ele beijava de olhos abertos querendo achar o Rafinha.

Ela estranhava aquela língua randômica.

Ele pensou em convidá-la pra “sei lá, que tal darmos uma esticada”.

Ela o beijou novamente e perguntou se ele a levava em casa.

Ele não queria colocá-la num gol sem ar.

Ela não gostou quando ele chamou o táxi.

Ele falou sobre astrologia de Botafogo até o Jardim Botânico.

Ela o convidou pra entrar.

Ele tirou a roupa como quem frita um ovo.

Ela só não desistiu por já ter passado dos trinta e porque o Beto estava na Europa.

Ele pensou em gravar tudo pelo celular.

Ela ouviu os recados na secretária eletrônica.

Ele segurou o quanto pode.

Ela quase chorou de ódio.

Ele pegou o maço de cigarros na meia.

Ela repetia em silêncio “Meu Deus, um minuto e meio, um minuto e meio”.

Ele insinuou dormir por ali mesmo.

Ela disse que seus pais poderiam chegar a qualquer momento.

Ele estranhou uma família inteira morando num conjugado na Lopes Quintas.

Ela abriu a porta.

Ele pediu o telefone.

Ela chamou o elevador.

Ele prometeu que ligaria.

Ela achou que os paus eram completamente diferentes.

Ele voltou andando pra Botafogo.

Ela tomou um banho e em seguida um iogurte.

Ele estranhou no dia seguinte quando atenderam no Mister Pizza.

Ela disse pro Beto que havia dormido logo após a novela.