CARO IRMÃO

Carta ao meu irmão

20 de novembro de 2000

Caro irmão sei que já faz alguns anos, ou melhor, uma década que a gente não se fala.A última vez que pudemos conversa foi naquela sufocante tarde de março quando você decidiu viajar.Nesta ocasião eu ainda gozava da minha patética felicidade.Agora, algumas coisas mudaram.

Entre elas uma é de seu interesse. Infelizmente sua mãe morreu, eu fiz algo de útil para nós dois quando deis duas pauladas (na verdade foi com um machucado) bem nas suas pretas têmporas. Sei que algumas lágrimas devem ou poderão a vir escorrer dos seus olhos, mas não perca o seu tempo, afinal ínfimas lágrimas não ressuscitam e muito menos significa que sentimos algo pela pessoa.

Eu agora vivo alojado no depósito de livros da biblioteca, como sabe eu tinha certa amizade com a bibliotecária.Inventei uma desculpa esfarrapada e conseguir dela este espaço para eu repousar a minha existência. Em troca, essa puta gorda feita um hipopótamo não precisará mais carregar pilhas de livros,pois encontrou um mais inútil ainda para fazer isso por ela.Eu não sei como o cu gordo dela guenta ficar o dia inteiro naquela cadeira de ferro,mas talvez aquelas pálidas banhas a protejam de uma hemorróida crônica.

Eu não sei o que pode ter acontecido com o corpo de sua mãe, talvez alguém tenha o encontrado ou talvez ainda esteja em estado de decomposição lá na sala. Já faz um mês que a deixei estirada com os peitos colados no chão como se estivesse tomando sol na praia.

Já não tenho nem mais com quem conversar.Tentei encontrar alguém com que eu pudesse me desentediar,conversar só para utiliza-la como forma de diversão, afinal as pessoas servem para isso:divertir.Nada mais. Nesta minha pequena busca, a única merda que eu encontrei foi uma putinha.Eu já estava bêbado.Peguei o dinheiro da puta velha e gastei comprando um vinho bem caro, afinal o dinheiro não veio do meu suor,então decidir provar um bem caro,ou seja, cansei de beber aquela coisa gosmenta advinda do resto do verdadeiro vinho.Queria ser invejado,então fui para um barzinho perto de nossa casa.Foi aí que eu a conheci.Ela estava na mesa ao lado conversando com umas amigas.Depois de meia-hora, nós começamos a trocar olhares, quer dizer, ela olhava para mim e eu olhava para os seus acesos seios que me diziam:”nos pegue”,”nós queremos seu amiguinho no meio de nós”.Não sei o que houve,mas as amigas delas saíram e ela ficou sozinha, ainda continuando olhando para mim.Eu não sabia o que era mulher fazia muito tempo, a última foi uma puta feia que eu nem quero citar o nome.

As mulheres,apesar de serem espertas como gatos, são covardes como um verme,pois esperam que o homem venha saciar os seus desejos em vez delas mesmas irem atrás.Por isso me surpreendi quando aquele corpo um pouco magricelo,mas bem sensual(também com o tamanho de saia dela, ficava difícil não ser) começava a vim em minha direção.A cada passo que eu acompanhava,meu sexo ficava mais duro.Ajeitei a cadeira para frente para que ela não pudesse ver nada.

“Posso sentar aqui com você?” ela me perguntou. Fique uns segundos parado, meio que incrédulo, mas disse “sim”. Bebemos um pouco. Falei dela sobre a minha vidinha de merda.Do meu tédio de ficar na sala de aula junto de pessoas ainda mais pusilânimes que eu.Que mal sabiam o que significa epistemologia e decidiram estudar filosofia.Por que será? Ela me perguntava sobre se eu era muito “pegador”.Mudei de assunto, dizendo que se ela não queria andar um pouco,pois eu já tinha bebido demais.Esperei as coisas aliviarem no meio das pernas e levantei um pouco zonzo.

Andamos durante meia hora conversando, interagindo nossas estranhas existências, sabendo um do outro. Não queria mais aquilo, já estava chato demais.Aquele interrogatório inútil já me entediava.Apesar de fazer frio,eu começava a transpirar e sentia o aroma do bom vinho comprado com o dinheiro da puta velha. “Vamos nos divertir ou você tem que ir para casa?” perguntei à ela.Fui direto e fatal bem como uma flecha lançada no alvo.No meu caso o alvo não era horizontal.Ela deu um sorriso bem descarado e perguntou para onde iríamos.”Relaxe e me acompanhe”.Levei-a para o meu asfixiante quarto(se é que se pode se chamar disso).

Encostei-a no meu corpo que transpirava ainda mais.Não conseguia mais controlar os impulsos que vinham do meio de minhas pernas.Joguei-a no meu colchão velho.Comecei a beijar todo o seu corpo.Aquela mistura de vinho de boa qualidade e mulher qualquer me deixava excitado.Quando ia beija-la,surgiu uma indagação:”será mesmo que para fuder a noite toda com essa daí, eu terei que beijá-la e sentir o gosto de pica alheia que ela com certeza já deve ter chupado?”.Por que será que nós homens conscientes disso cometemos esse tresvario? Afinal, o que elas querem de fato todo nós sabemos.

Evitei o que pude não beijá-la. Fudemos a noite toda.Quando terminamos um pequeno raio de sol já adentrava na saída de ar do depósito.O ar estava com o aroma de uma boa foda.Nossos corpos emitiam esse cheiro tão idiossincrático.

Não conversamos muito depois. Disse a ela que ela precisava ir, pois a biblioteca já iria abrir. Levantei-me e olhei o seu corpo. Não tive tempo de fazer isso a noite toda. Só a senti, nada mais. Quando ela percebeu ficou um pouco espantada e me perguntou o que houve. ”Nada” eu respondi. Mas na verdade naquele instante eu me perguntei: “Estava ali diante de mim a tal pusilânime vida que buscava”? Definitivamente não! Estava apenas diante de uma garota de 17 anos que sabia foder como nenhuma outra que eu já tive nos meus braços.

Na verdade mesmo meu caro irmão, eu estava diante de mais uma que irá começar a ser desmascarada, que todo aquele mar de ilusões e felicidades que aprendemos que existe quando criança seria fatalmente poluído por um navio-petroleiro carregado de sinceridade,absurdo e do brutal fato de saber que iria conviver até o fim com uma coisa pútrida a diluir seu ser.

De seu irmão,

Rien

Trovador Solitário
Enviado por Trovador Solitário em 25/03/2006
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