Monólogos ( sensuais) da Senhora Solidão

Monólogo da Senhora Solidão

─Foi numa noite de primavera, não foi?─Perguntou Sra. Solidão ao Sr. Desejo.

O ar da noite estava agradável, entretanto não conseguia dormir... Descansar o coração, acalmar o desejo e imaginou-se sozinha na praia iluminada pela lua cheia, com seus cabelos desalinhados pelo vento...

Não se lembrava quando estivera sozinha consigo mesma talvez nunca.

Sempre era ela com outros, que não conseguia ser ela mesma, porque os outros se refletiam nela, o que a impedia de ser pura e neste mundo pouquíssimas eram as coisas puras e verdadeiras.

E coberta de silêncio, caminhava em seus sonhos, acariciou os seios lembrando dos lábios e do carinho das mãos do Senhor Desejo e ao mesmo tempo sentindo a decepção provocada pela mudez dele... a não resistência, não a amava tanto... A ponto de não questionar “o adeus”.

Coração torcido e doído de paixão estava assustada, quis forçar-me a entender o porquê de desejar tanto aquele homem. E ele, estaria perdido do resto da humanidade, como eu estaria?

Perto de outro coração selvagem...A vida a teria levado, ele era Leão, e a magia essencial da vida, onde teria se escondido? Nunca mais seria a mesma pessoa e o devaneio de ouvi-lo cantando sussurrando ao seu ouvido, enquanto teria seu corpo colado ao dela numa longa dança... Realizaria?

Estava pensando, brincando de viver.

Segundo Monólogo da Senhora Solidão.

─ Sabes que senti falta de teu telefonema, ouvir tua voz?

─È verdade, acho que você me acostuma mal ou talvez... Esteja muito carente hoje, necessitando de um amigo para conversar...

A vida ensinou-me que é preciso ter paciência, as melhores coisas, ainda acontecem quando menos esperamos, como você, ensinou-me também a não chorar, porque como as nuvens do céu, a vida é efêmera, os acontecimentos bons terminam, passam, como as brisas marítimas, entretanto, aprendi que devemos sorrir porque aconteceu!

É prazeroso saber que posso fechar os olhos e viajar nas minhas fantasias, brincar de poesia fazendo amor e de conta que você sempre estará lá... Em um lugarzinho especial, em que o mundo todo seja sempre um segredo - nosso segredo - você que entrou na minha vida de uma maneira tão singular, uma presença ausente no meu cotidiano (como escreveu o poeta maior – Drumonnd).

Interessante...Outrora éramos tão ausentes, desconhecidos, mas o destino, sem explicação, quis que nós nos encontrássemos... E penso até na possibilidade, de que já nos conhecíamos, mas você era tão “comum” como tantos outros do dia a dia da vida, e posto que não me tinha sido dada à oportunidade de conhecer teu íntimo... E pouco a pouco vamos descobrindo, e tantas coisas em comum, como somos parecidos! E na unidade dos contrários nos somamos um ao outro.

Desculpe querido, se estou sendo pegajosa, enfadonha, mas é insaciável minha vontade de estar sempre com você... Mesmo de uma forma surrealista...Eu não sei explicar, sei apenas que você me faz bem, me sinto leve, teletransportada para lugares distantes, lindos, vergéis, quase irreal, onde não existe dor, tudo é sinceridade... Espontaneidade, não há lugar para luta por poder, dinheiro, apenas sentimentos... Lugar onde me esqueço de tudo e não consigo ficar triste...a alegria e a paz se fazem tão intensas...

Será que te assusto? E o que me sufoca tanto o coração? Será que posso Ter a iniciativa de te telefonar, quando a saudade se fizer insuportável? Estarei sendo apenas uma fase romântica em tua vida? Teu interesse é apenas no nível físico?

Essa tristeza que me maltrata por não saber de tua vida, de te tocar, tantas perguntas sem resposta... Provoca em mim um desejo louco de fugir, desaparecer...

Fátima Pessoa

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Poética
Enviado por Poética em 26/03/2006
Código do texto: T128683