Estorvo de mim mesmo

Hoje eu descobri que nada há de errado com as pessoas. As suas insignificantes existências e suscetíveis ao carrasco-tempo não me enojam. Hoje.... eu percebi que sou estorvo de mim mesmo.

Minha pusilanimidade existencial me faz sentir vômito e faz com que eu me sinta incomodado, mas como eu não me vejo e sim apenas aos outros, eu penso estes são o motivo de tudo isso.

Talvez além de ser estorvo de mim, eu seja também dos outros, que, para não serem desagradáveis escancaram seus amarelados dentes em minha direção e falam comigo, perguntam se “estou bem”. A ironia é que para não descer o pano da peça teatral antes da hora, eu cometo o último ato, respondendo que “estou bem” para que assim elas vão embora e me deixem só.

Todos nós estamos só,nascemos sós,vivemos sós,mas há aqueles que não conseguem unir as solidões e formarem o que costumamos chamar de amor e estes talvez sejam aqueles que mais tenham olhos para o mundo,mas também sejam o que mais percebem o que este tem de pior

Só, solidão, solitário, solitaire, alone, embora não tenha conhecimento lingüístico amplo, mas hipotetizo que em qual idioma a palavra que dá idéia dessa situação tão estranha e simples de nossas vidas seja também bela.

Amanhã é um outro dia ao qual, infelizmente e corajosamente, eu devo viver.Não sei bem até quando vai isso, só sei que tudo que eu sinto nada tem de metafísico como nos romances ao qual leio.O que eu sinto é percebido em mim desde a minha amarelada unha encravada até o meu couro que é sugado diariamente pelas caspas.

Rien

Trovador Solitário
Enviado por Trovador Solitário em 26/03/2006
Reeditado em 28/03/2006
Código do texto: T128847