PESADELO (BASEADO EM FATOS REAIS)

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AVISO: SE TENS NERVO E ESTÔMAGO FRÁGEIS,DESISTA DA LEITURA.QUALQUER SEMALHANÇA CONTIGO OU DE ALGUM CONHECIDO,TERÁ SIDO MERA COINCIDÊNCIA.

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Não suportava vermais aquele banheiro naquele estado,uma providência deveria ser tomada para isso.Acordou decidida,consultou com as vizinhas um mestre de obras(assim o pedreiro gostava de ser chamado)para realizar o serviço.Éconhecida pelo seu caráter e akegria contagiantes.Rapidamente soube do melhor profissional que as vizinhas lhe informaram.

-Alô,o senhor por gentileza pode vir a minha casa,pois tenho uma empreitada que,para um profissional como o senhor,deve ser feito em pouquíssimo temp.O meu banheiro precisa de pequenos reparos.

-Claro dona,quando passo aí pra falá cum seu marido e acertá os detalhe?

-Não tenho marido,é somente eu e meu filho aborrecente.Aqui,o macho da casa sou eu,meu filho até se chateia por eu ser tão controladora.Mas e aí?Vamos tratar de negócios?

-Tô percebendo que a senhora é pra cima,vô passá aí daqui a meia hora.

Após anotar o endereço,chegou em menos tempo do que prometera.Tentou combinar o serviço por diária,assim poderia ganhar mais,satisfazer suas necessidades imediatas e aliviar a situação do ajudante.De nada adiantou os argumentos,ela estava decidida a pagar metade após o trabalho ser bem iniciado e a outra metade quando tivesse acabado.Meio contrariado e ansioso para ter em mãos a recompensa de tão fácil lida,aceitou a proposta que lhe fora imposta.Dissera-lhe que em três dias estaria tudo terminado.Estando bem para ambas as partes,tratou de informar a quantidade e o tipo de material que iria precisar:torneiras,cisterna acoplada ao vaso,halo,azulejo,argamassa e outros típicos aquipamentos para esse fim.

Observou atentamente a ação do mestre de obras,nenhuma situação fora do normal,mas quando viu assentar os azulejos notou algo estranho.

-O senhor não vai furar,repicar,não sei nem qual é o nome,a parede para que os azulejos não caiam?

-Qué isso,senhora,não carece disso não!Ele num vai caí,eu sei do meu serviço e dou garantia.

-Mas eu já vi que assim não tá certo.E eu quero do meu jeito,afinal,tou pagando e não é por que sou mulher que o senhor vai levar vantagem.

-Num percisa dizê isso,eu vou fazê o que tá pedindo.

-Pedindo não,tou pagando e quero serviço bem feito e do jeito que quero.

Saiu de casa para o trabalho com a certeza de que as coisas iriam acontecer conforme imaginara.Pediu ao filho que observasse o trabalho dele enquanto estivesse fora.

No emprego,contou que seu banheiro estava sendo reformado e não via a hora de vê-lo prontinho.Asamigas e amigos a felicitaram e desejaram muita,muita,muita sorte,pois alguns tiveram experiênvias negativas em relação a isso.Reforma é sempre sinônimo de transtorno,dor de cabeça...Não ocorrera nada até aquele momento.

Suas histórias,contadas aos amigos,eram um misto de aventura e humor.Ela,uma pessoa muito admirada por sua garra e caráter.Educar um filho,sozinha,exigita-lhe dedicação e o garoto seguia os passos da mãe em relação ao caráter.Contou aos amigos que em uma de suassaídas com amigas de longa data,afeiçoou-se a um negro bem apanhado.Ele,muito alto,tinha-lhe chamado a atenção por ser nemfalante,animado e dançavamuito bem.Entre uma cervejinha e outra,chanou-a para dançar,Pegou-a com a firmeza dos grandes machos,isso achou maravilhoso.Mas,ao estarem no meio dosalão do lugar conhecido como"Rasga Velha"-local de músicas de bolero e outros ritmos-a cabeça dela ficava pouco acima da cintura dele e parecia que iria cantar.Estava já envergonhada,pois o microfone a cutucava de vez em quando e de forma insistente.Ao sentarem,decidiu sair sem que ele percebesse,assim fizeram as amigas também.Os colegas do trabalho riram da confusão em que se metera e segundo ela havia outros episódios e isso ficaria para uma outra ocasião.

Em casa,o filho a aguardava ansioso,para ele o mestre de obras trabalhara muito bem,o banheiro estava ficando lindo.Ao chegar em casa ele já havia saído e com uma intuição mais do que apurada,foi verificar se ele fizera segundo determinara.Dito e feito,a decepção tomara-lhe conta.Arrancou um a um os azulejos,constatando que ele fizera o que quis.A raiva a enchera de imagens aterrorizantes e ele ouviria poucas e boas no dia seguinte.

Mal o sol raiara,omestre de obras apareceu para trabalhar.Estava feliz, pois receberia a metade da empreitada nesse dia.Ela o recebeu tranquila,assim como a mulher recebe o marido e em seguida o enche de cobranças,e o acompanhou até o banheiro.Ele não gostou nada do que vira.

-Eu não lhe falei para furar a parede,para que ficassemais firma os azulejos?O senhor vai ter que fazer tudo de novo e dessa vez direitinho ou não terá o pagamento.Vou ficar de olho literalmente.É justo que recebas,mas deve mostrar serviço.

- Vixi!!!Agora arrumei pra minha cabeça!!!A senhora é mais chata do que minha mulher.E eu sou um profissionalde qualidade!

-Qualidade!!!Primeiro fale direito comigo que eu não sou sua mulher e aí sim vocêseria um profissional de qualidade.Se isso é qualidade,nem quero saber dos outros mestres de obra.E sua mulher deve ser uma santa para lhe aturar.Ah,e tem mais a cisterna não está bem montada,não funciona direito.

-Tá,tá,tá,tudo bem,mas assimvai demorá um pouco mais e eu tô percisando de um vale pra mim e pro meu ajudante.

-Alto lá,o contrato verbal que fizemos não tem nada disso.Acordo é acordo.Vou cumprir minha parte,cumpra a sua.

Ao sair do banheiro,ouviu algo como"Também com um c... desse tamanho,a cisterna só pode dar pobrema".Deu meia volta e inquiriu o pedreiro.

-Como é que é?O senhor me respeite-com odedo em riste,na direção dele-que eu não lhe dei essa confiança.Aqui o sistema ébruto e respeito conserva muitas coisas.

-Calma,calma,não foi bem isso,é que seu filho é meio desajeitado.A senhora ouviu mal.

-Não meta meu filho nessa conversa e nem me chame de surda,eu sei be, o que ouvi,agora ajeite logo essa m... que eu quero fazer um "test drive".

Mesmo resmungando,fez o serviço conforme sugerido.Logo em seguida pediu licença aos operários e adorou pela primeira vez algo bem feito.O que estava previsto para três dias,agora duraria semanas.Os dois começaram uma guerra velada,alguém seria vencido pelo cansaço.Unha a unha a força seria medida.Acada dia um novo problema a ser solucionado.Ora era o rejunte,o halo que não fora o mesmo comprado,o acabamento que não estavacomo indicado.

O estresse aumentando cada vez mais,já não trabalhava com a mesma alegria de outrora,os colegas logo notaram.A teimosia do pedreiro e a determinação dela não se misturavam.Anbos não viam a hora daquilo terminar.Nãpqueria apaziguar,estavam determinados a fazerem suas vontades.Ele,protelando o máximo que podia a conclusão da obras;ela,valendo-se do seu direito de obter uma obra de acordo como esperava.Essa mulher existe mesmo?Sem que ele soubesse a causa,ela fora internada por conta de tanto embate estressante.Viviam um pesadelo e não queriam acordar dele.O filho fora impedido de se intrometer na questão.Era entre ela e ele.

Quinze dias após o início da empreitada,tudo estava terminado.O banheiro saíra como imaginado,mas o custo emocional foi alto para ambos.Nesse pesadelo ela não entraria mais,estava decidida.Ele disse um até nunca mais e foi embora.Pouco a pouco o riso tomou conta do espírito dela,afastando toda a carga negativa que recebera.

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LÉO VINCEY
Enviado por LÉO VINCEY em 20/11/2008
Código do texto: T1293899
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