Escolhas

Na vida somos submetidos a escolhas, a inúmeras escolhas. Escolhemos todos nossos atos, inconsciente ou conscientemente.

Naquele momento José estava refletindo sobre qual escolha tomar, ir ajudar seus irmãos ou fugir daquele inferno. Sentado em uma pedra no alto do morro ele tinha uma vista magnífica para a praia, e ali fica horas e horas vendo as ondas se formarem e ouvindo o barulho do mar. Ficava olhando as crianças brincando na areia até o momento pelo qual ele sempre esperava: o pôr-do-sol, era lindo, ele se escondia atrás do infinito azul do mar.

Já estava na hora de voltar para casa e ele ainda não tinha se decidido, então pegou uma simples pedra que tinha um lado liso e outro rugoso, jogou para cima e esperou o destino decidir, pois se alguma coisa desse errado botaria a culpa nele. Se caísse no lado liso ele voltaria e ajudaria seus irmãos, mas se caísse no lado rugoso ele saía daquele lugar e iria em busca da felicidade em qualquer lugar longe dali.

Ao tocar a pedra ele ouviu alguém chamar por ele, e não a viu cair, quando se virou havia duas pedras iguais à que ele tinha tocado, uma com o lado liso para cima e outra com o lado rugoso. José ficou atordoado ao ver aquelas pedras assim, isso significava que ele tinha que escolher e não havia outro jeito.

Pensou em como eles eram tratados, eram obrigados a se humilharem para levar dinheiro para seu pai, via ele entrar bêbado e espancar a mãe e todos eles, então estava decidido que sairia daquele lugar o quanto antes.

Estava noite e José estava vagando pelo povoado sem rumo, quando ouviu um velho que estava sentado em uma cadeira na frente de casa lhe chamar. Foi até sua direção e o velho disse:

- Não faço isso com seus irmãos eles precisam de ti, sua mãe veio falar comigo ontem à noite, e disse que todas as esperanças dela estavam deposita no filho mais velho dela, ela me descreveu como ele era, e eu estou deduzindo que é você.

José se sentiu um ingrato, respirou fundo e voltou.

Ao chegar à entrada de sua casa encontrou tudo vazio, com um bilhete no chão de seu quarto.

“José meu querido, senti uma forte dor no peito em ter saído sem ti, mas eu já não agüentava mais um minuto nessa casa, levei teus irmãos comigo, seu pai não sabe que fugimos. Espero que tu nem leia esse bilhete e se ler, pega tuas coisas e fuja seu pai quando perceber que fugimos vai querer descontar a raiva em alguém, e esse alguém vai ser você”.

Quando José preparou suas coisas e estava se encaminhando até a porta, seu pai entrou. Estava caindo de bêbedo e com um pedaço de pau na mão, José ficou assustado e nada pode fazer.

Apanhou até a morte.

Carlos Chaves
Enviado por Carlos Chaves em 09/12/2008
Reeditado em 08/01/2009
Código do texto: T1327299